O Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA) apresentou-se aos partidos e ouviu as suas ideias para a política energética e ambiental do país. A todos foi pedido o mesmo: um encontro para propor medidas e discutir projetos em áreas como reforma fiscal ambiental, energia e clima, mobilidade e transportes, território e património, água, consumo sustentável e participação cívica. Mas nem todos corresponderam ao desafio.
Os líderes dos partidos autointitulados “arco da governação” não tiverem agenda para escutar as ideias da associação ambientalista. Contudo, segundo avança o jornal Sol (23/09/2015), e lembra o GEOTA, António Costa e Pedro Passos Coelho, encontraram-se pessoalmente com o presidente da EDP, António Mexia, para este lhes dizer que quer o fim da Contribuição Extraordinária sobre o Setor Energético.
Para o presidente da Assembleia-Geral do GEOTA, João Joanaz de Melo, este é um “sintoma evidente de que estes partidos têm sido e vão continuar a ser submissos ao poder do dinheiro”. O professor universitário insiste: “É muito esclarecedor que estes dois políticos – um dos quais será provavelmente o próximo primeiro-ministro, tenham estado com o maior representante do lóbi da energia mas não tenham tido tempo para ouvir as preocupações de uma das mais antigas associações de defesa do ambiente em Portugal”.
Como forma de alertar para as questões fundamentais nesta matéria, o GEOTA compilou algumas das ideias que deixou às forças políticas, no documento anexo “Políticas Verdes para Políticos à Beira de Eleições”. No entanto, segundo a associação ambientalista, o PSD + CDS e o PS revelaram pouca vontade de mudar o status quo e enfrentar os interesses instalados, nomeadamente os lóbis do betão, eletricidade e banca.
O PCP, por motivos diferentes, protege igualmente o status quo em matéria de obras públicas e mobilidade, evitando questionar os poderosos sindicatos da construção e dos transportes e recusando instrumentos económicos para a política de ambiente.
O PEV e o BE mostram mais abertura às questões ambientais a nível programático, ainda que este último tenha sido mais ativo nesta vertente durante a campanha eleitoral, a par do PAN.
O GEOTA considera importante que “todas as pessoas conheçam os programas eleitorais dos partidos no domínio do ambiente”. Segundo a associação ambientalista, “este é central quer à qualidade de vida das pessoas, quer como suporte de um modelo económico mais equitativo e sustentável”. “Incompreensivelmente, esta temática tem estado quase ausente da campanha eleitoral para as legislativas do próximo sábado”, acusa o GEOTA.