As novas tecnologias assumem um papel indiscutível na mitigação das alterações climáticas. É com esta visão que o Governo tem financiado projetos inovadores e sustentáveis. É o caso do Aviso 4, “Implementação de projetos piloto de laboratórios vivos de descarbonização e mitigação às alterações climáticas”, incluído no “Programa Ambiente, Alterações Climáticas e Economia de Baixo Carbono”, surgido dum Memorando de Entendimento de 2017 entre o Governo e o Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu. Neste tema dedicado à tecnologia e inovação, a Ambiente Magazine escolheu este Aviso, partilhando alguns dos projetos e a sua importância na descarbonização.
Dedicado às áreas urbanas de maior dimensão, este Aviso promove o desenvolvimento de soluções tecnológicas enquanto hubs de teste para mitigação das emissões de carbono, com o envolvimento ativo dos cidadãos e entidades. Alexandra Carvalho, secretária-geral do Ambiente e Operadora do Programa Ambiente, Alterações Climáticas e Economia de Baixo Carbono, constata que “é nos grandes centros que se concentram recursos, conhecimento, empresas e cidadãos mais ativos”, não tendo dúvidas do potencial português para a criação destes laboratórios: “São o embrião para a constituição de Cidades Inteligentes que podem funcionar como um instrumento da política de ambiente e de ordenamento do território ainda pouco explorado”. O concurso encerrou a 20 de outubro de 2020, contemplando sete candidaturas com um investimento total de 9.092.042,46€.
[blockquote style=”1″]Hub Criativo do Beato Living Lab (HCB LL)[/blockquote]
É um espaço que está a nascer na antiga Manutenção Militar e que acolherá um dos maiores pólos de inovação da Europa: “Serão 18 edifícios, distribuídos por cerca de 35 mil metros quadrados, de reconhecido valor industrial e arquitetónico, que estão a ser reconvertidos para receber entidades nacionais e internacionais nas áreas da tecnologia, inovação e indústrias criativas”. Este projeto, segundo José Mota Leal, Gestor de Projeto do Hub Criativo do Beato, potencia o desenvolvimento de tecnologias e serviços para mitigar o impacto das alterações climáticas, promovendo a sustentabilidade do ecossistema empresarial daquela zona. O projeto permitirá a criação de espaços para agricultura urbana e de projetos de economia circular na cadeia alimentar do HCB LL, além de fazer do local “um smart campus” onde se espera que as “ações, soluções e serviços implantados” demonstrem o potencial de replicação das abordagens num ambiente urbano real. O HCB LL é um projeto da Startup Lisboa, com a coordenação técnica da Lisboa E-Nova, em parceria com a Câmara Municipal de Lisboa.
[blockquote style=”1″]Cascais Smart Pole by Nova SBE[/blockquote]
Localizado entre a praia de Carcavelos e a Quinta de São Gonçalo, este laboratório vivo lidera a geração de change makers acompanhando as metas do município cascaense para a descarbonização. Miguel Pinto Luz, vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais, explica que o projeto vai implementar tecnologias pioneiras “muito mais eficientes” em diversos setores, desafiando “toda a ‘comunidade smart pole’ adotá-las, reduzindo a pegada carbónica e ecológica”, culminando numa “plataforma virtual que agrega todos os dados dos impactes positivos gerados e pelo qual se podem obter ganhos associados a um processo de gamification”, explica. O Cascais Smart Pole by Nova SBE resulta de uma parceria entre Câmara Municipal de Cascais, Cascais Ambiente, Fundação Alfredo de Sousa, Nova School of Business & Economics, Get2C, CEiiA, PRIO BIO, Veolia e Avfallsteknisk Montasje AS (Noruega) e arrancou em maio e será apresentado em setembro, envolvendo a população “entre outubro e novembro através de uma estratégia de comunicação”.
[blockquote style=”1″]Porto Asprela + Sustentável[/blockquote]
“É um projeto multidisciplinar” a ser instalado na zona da Asprela, utilizada diariamente por 60 mil pessoas. De acordo com Filipe Araújo, vice-presidente do município do Porto, este “laboratório vivo” quer “auxiliar a cidade a mitigar as alterações climáticas e a alcançar a neutralidade carbónica”, através de testes a serviços e tecnologias. O projeto abrangerá áreas com potencial para “influenciar a transição energética”. Das ações previstas, destaque para a criação da primeira Comunidade Energética Renovável do Porto e dum programa de reparação de equipamentos eletrónicos. O “Porto Asprela + Sustentável” arrancou oficialmente a 1 de junho e termina a 31 de dezembro de 2023. A Coopérnico, Câmara Municipal do Porto, Agência de Energia do Porto, Associação Porto Digital, Porto Ambiente, Águas e Energia do Porto, INEGI, EFACEC Electric Mobility, EFACEC Energia, INESC-TEC, VPS, EVIO, Federação Académica do Porto e International Development Norway são as responsáveis pelo projeto.
[blockquote style=”1″] I4Effiiency – Identificador inteligente de integração e eficiência logística[/blockquote]
É um projeto que pretende “reduzir as ineficiências associadas aos processos de logística urbana”, utilizando “uma abordagem integrada que contempla soluções de logística inteligente, baseadas na colaboração e partilha, de forma a otimizar o número de veículos e recursos necessários em diversas operações”. Francisco Ferreira, presidente da ZERO, parceira do I4Effiiency, explica que serão exploradas “soluções complementares”, recorrendo ao desenvolvimento de um “Identificador Único de Endereço (IUE) que identifique inequivocamente um endereço físico”, promovendo o “incremento de eficácia e eficiência da atividade logística” e a “implementação de uma combinação de iniciativas complementares ao nível dos laboratórios-vivos e que vão exponenciar os impactos da plataforma e do IUE” na União de Freguesias de Sintra e de Massamá e Monte Abraão. Além da ZERO, a Câmara Municipal de Sintra, o Centro de Investigação em Arquitetura, Urbanismo e Design da Faculdade de Arquitetura da ULisboa, a C4P-Correio de Proximidade, a MARLOCONSULT e a VTMAR são também parceiras do projeto a arrancar em setembro.
[blockquote style=”1″]Afurada Living Lab[/blockquote]
Durante os próximos três anos, o “Afurada Living Lab” vai permitir a implementação duma estratégia integrada naquela zona, tendo por base soluções tecnológicas em “Mobilidade Urbana Sustentável, Economia Circular e Ambiente” ou “Edifícios e Energia”, começa por referir Carla Pires, Chefe de Divisão de Sustentabilidade e Inovação da Gaiurb EM. Este “laboratório vivo” visa promover soluções que reduzam as emissões de gases de efeito de estufa, investindo em áreas que envolvem a “produção de energia proveniente de fontes renováveis” ou a “otimização do desempenho energético dos edifícios”. Atualmente, o projeto está em “fase de exploração” para adoção de melhores soluções que garantam um envolvimento efetivo da comunidade. O projeto é liderado pela Associação para o Desenvolvimento Sustentável CEDES e conta com entidades públicas e privadas como o Município de Vila Nova de Gaia e a empresa municipal GAIURB – Urbanismo e Habitação.
[blockquote style=”1″]Lista de projetos:[/blockquote]
- Lisboa Hub Criativo do Beato – 794 187,50 €
- Cascais SmartPole – 959 163,83 €
- “Porto Asprela + Sustentável” – 986 137,19 €
- Sintra I4efficiency – 779 324,69 €
- Gaia Living Lab da Afurada – 763 656,39 €
- Sintra SMILE – 875 400,00 €
- Loures PAB_LivingLab + 900 931,48 €
*Este artigo foi publicado na edição 89 da Ambiente Magazine