“O segundo semestre de 2021 tem-se caracterizado por um período de crescentes dificuldades provocadas pelo aumento substantivo dos custos de produção, decréscimo acentuado dos preços pagos aos produtores e contração do comércio internacional”. A declaração pertence à Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores (FPAS) que, num comunicado, alerta para os desafios do atual contexto económico em que se desenvolve a atividade suinícola em Portugal.
Começando pelos combustíveis, a FPAS nota que o preço, quando comparado com o mês de outubro de 2020, é 28% mais elevado, sendo Portugal o sexto país da Europa com o preço dos combustíveis mais caros, apresentando um diferencial para Espanha no preço médio do gasóleo de 0,37€/l. A isto, acresce o preço da eletricidade que, nalguns casos, é “50% mais elevado que há um ano”, sendo Portugal, da mesma forma, o sexto país da Europa com a eletricidade mais cara, apresentando um diferencial para Espanha na ordem dos 0,013€/kWh para os consumidores industriais. Os custos com a alimentação animal também são motivo de preocupação, visto que “cresceram 20% no último”, continuando em subida.
De acordo com a FPAS, a semana 40 (4 a 10 de outubro), foi a pior de sempre em termos homólogos no que respeita aos “preços pagos aos produtores”, mantendo-se a trajetória de descida em outubro: “Na comparação entre setembro de 2021 e setembro de 2020, os preços sofreram uma quebra de 27%. Também o rendimento da indústria sofreu uma redução de 20%, em média, no último ano”, lê-se no comunicado.
Durante o período pandémico, segundo a FPAS, “o consumo interno baixou na ordem dos 3,2%”, não sendo “expectável a sua recuperação ainda durante o ano 2021”. Relativamente à procura externa por parte de países terceiros, a entidades nota “abrandamentos substanciais” no segundo semestre de 2021, criando em todo o espaço europeu um “excesso de oferta de carne de porco”, deflacionando os mercados. Acresce a isto, a prática, por parte dos operadores do retalho alimentar, “campanhas de promoção com incidência sobre a carne de porco”, esmagando ainda mais as “margens de toda a fileira”.
Face a este cenário, a FPAS apela à necessidade de medidas urgentes que contenham esta “escalada dos custos de contexto” que têm resultado na “perda de competitividade das empresas portuguesas em relação aos seus parceiros comunitários”, tais como a “convergência fiscal com a média da União Europeia em matéria de serviços energéticos e a eficaz regulação de práticas comerciais nas relações da cadeia de valor”.
Num momento tão “difícil” como o que o setor atravessa, a FPAS lamenta ainda o facto de não existir uma “estratégia governamental incentivadora do consumo de produtos nacionais e impulsionadora das cadeias curtas de abastecimento”.
“Ultrapassada a pandemia, a recuperação do país residirá no estímulo à economia, não em sucessivas provações à sua resiliência”, remata a entidade.