O Parque Natural do Tejo Internacional (PNTI) concentra mais de 70% da população de abutres-pretos do país e este ano nidificaram 28 casais no território do parque. Em comunicado, a associação ambientalista Quercus refere que, do total dos 28 casais, “três reproduziram-se em terrenos propriedade da Quercus, no PNTI, um deles numa plataforma ninho artificial e os outros dois em ninho natural”.
“Este ano, nidificaram 28 casais de abutre-preto no Tejo Internacional, o que representa um aumento significativo da espécie em Portugal e que representa mais de 70% da população nacional da espécie”, lê-se na nota.
O abutre-preto (Aegypius monachus) é uma ave necrófaga ameaçada, classificada como “Criticamente em Perigo”. Deixou de nidificar em Portugal no início da década de 1970. Em 2010, esta espécie regressou como reprodutora a Portugal no Tejo Internacional: nesse ano, com dois casais (atualmente com 28), no Douro Internacional (dois casais) e, desde 2015, no Alentejo, atualmente com 10 casais.
Já sobre o Abutre-do-Egipto (Neophron percnopterus), espécie que também se encontra em perigo, no PNTI “nidificaram 17 casais” e o grifo (Gyps fulvus), a espécie mais comum de abutre, “nidificou com 259 casais”.
“O PNTI alberga a maior colónia nidificante de abutre-preto em Portugal, a segunda maior população nacional de abutre do Egipto e de grifo, e diversas espécies de avifauna criticamente ameaçadas e de elevado valor biológico”, sustenta a Querucs.
Os ambientalistas sublinham que estes dados resultam dos trabalhos de monitorização enquadrados no âmbito do Projeto “Investigação e monitorização de avifauna no PNTI”, ao abrigo do protocolo de colaboração assinado entre o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), a Quercus e o Fundo Ambiental.
Segundo a Quercus, dados recolhidos de vários projetos de conservação e dos Centros de Recuperação de Fauna (CRAS), entre 1999 e 2019, permitem concluir que em 182 registos de mortalidade não natural das três espécies de abutres presentes em Portugal (grifo, abutre-preto e abutre do Egipto), “as principais ameaças as aves necrófagas foram os envenenamentos (45%) seguida das eletrocuções em postes elétricos de média tensão (20%) e a falta de alimento (12%), entre outras, como o tiro e colisões com aerogeradores”.
Os ambientalistas assinalaram no sábado, o Dia Internacional dos Abutres, com a libertação de duas aves no PNTI que foram recuperadas no Centro de Estudos e Recuperação de Animais Selvagens (CERAS) de Castelo Branco.