Na procura de soluções e alternativas para poupar e assim evitar que as mudanças no mercado da eletricidade tenham impacto na sua fatura, 86% dos portugueses estão a considerar mudar a curto e médio prazo para o autoconsumo como medida de poupança. A conclusão é de um estudo realizado pela ei energia independente, empresa especializada em smart energy, e autoconsumo solar fotovoltaico, pertencente ao Grupo Galp.
Dos portugueses que pensam seriamente em mudar para este método de consumo de energia sustentável, mais de metade (61%) dizem que este é um passo que estão a planear dar nos próximos anos, enquanto um quarto (25%) estão certos de que instalarão painéis solares o mais tardar até ao próximo ano. Em contraste, apenas 14% dizem ainda não ter considerado a opção pelo autoconsumo solar fotovoltaico, indica o estudo, partilhado pela ei energia independente, num comunicado.
Entre o ano de 2019 e o ano de 2020, assistiu-se a um aumento da potência instalada de painéis fotovoltaicos para autoconsumo em Portugal de um pouco mais de 40MW (204 878 kW vs. 245 606 kW). Uma capacidade que, segundo o estudo da ei energia independente, é ainda muito inferior às suas capacidades e reflexo de que os portugueses continuam a ver uma série de barreiras para dar o passo final no sentido do autoconsumo, incluindo o “investimento inicial necessário (70%)”, a “logística da instalação, tais como licenças da DGEG”, a “duração das obras (42%)”, o “custo da instalação” ou o “custo de manutenção dos próprios painéis (51%)”, ou porque “consideram que a tecnologia não está suficientemente desenvolvida (19%)”.
Por outro lado, entre as vantagens que os portugueses veem na passagem para o autoconsumo solar fotovoltaico, os inquiridos apontam para a “poupança económica a médio e longo prazo que a instalação permite (64%)”, as “ajudas e subsídios existentes para a sua instalação (42%)”, o facto de ser uma “opção mais sustentável (56%)” ou a “possibilidade de vender a energia que não é consumida (39%)”, lê-se no comunicado.
Para Ysabel Marques, Iberian Chief Marketing Officer da ei energia independente, “é evidente que ainda existe alguma falta de conhecimento entre a população sobre o autoconsumo solar fotovoltaico. As instalações estão a tornar-se cada vez mais rentáveis, os períodos de retorno são cada vez mais curtos e as administrações públicas estão a adaptar-se gradualmente a esta nova realidade. Já para não falar dos apoios que o Estado está a oferecer de financiamento para a sua instalação. No caso de uma casa com um perfil de consumo doméstico familiar de 100 euros por mês, a poupança anual gerada na fatura de eletricidade pode alcançar os 500 euros, com um retorno do investimento num prazo de sete anos. Com um bom esquema de financiamento, este é um investimento que os consumidores podem amortizar através da poupança gerada pela própria instalação. Agora é o momento de investir em painéis solares”.
Comunidades de energia renovável (CER) e autoconsumo coletivo
Nos últimos meses, uma das tendências observadas no autoconsumo solar fotovoltaico é a criação de comunidades de energia renovável (CER), entidades jurídicas constituídas por cidadãos, administrações ou PMEs que, através da instalação de painéis solares, produzem energia para o consumo coletivo dessa área. Em Portugal, tal como indica a ei energia independente, esta possibilidade ainda não passou do papel, mas o Governo já indicou estar a ultimar uma nova Lei, a ser aplicada até ao final do ano, que visa promover este tipo de iniciativas e a população parece estar aberta à utilização desta forma de consumo de energia. Segundo o estudo, “57% dos portugueses considerariam esta alternativa por ser um modelo mais sustentável e amigo do ambiente”, enquanto “51% o fariam como uma forma de poupar nas suas contas de eletricidade”. Já “47% fá-lo-ia para não estar totalmente dependente das companhias de eletricidade”, destaca o estudo.
“Vivemos num momento ideal para repensar a forma como consumimos energia. O autoconsumo solar fotovoltaico não é apenas uma opção mais económica para os utilizadores, mas também uma opção mais sustentável. Podemos gerar a nossa própria energia e, desta forma, estar menos dependentes dos altos e baixos do mercado da eletricidade, como aconteceu durante o mês de junho/julho, ao mesmo tempo que cuidamos do ambiente. Além disso, o autoconsumo dá poder aos consumidores, permitindo-lhes estar muito mais conscientes da sua produção e consumo. O nosso futuro deve ser orientado para estas novas formas de consumo inteligente de energia, razão pela qual é necessário que os consumidores estejam bem informados sobre todas as alternativas já disponíveis”, defende Ysabel Marques.