Depois de um ano de forte incerteza devido à pandemia da Covid-19, que conduziu a uma instabilidade social e económica, grande parte dos Millennials e da Geração Z acreditam que o mundo atravessa um momento crítico no que diz respeito às principais questões sociais, incluindo as alterações climáticas, desigualdade e discriminação. Estas gerações estão focadas em atuar, e incitar outros a seguir o mesmo caminho, nos temas mais cruciais para a sociedade atual. Por isso, exigem uma maior responsabilização, que permita impulsionar mudanças rumo a um mundo mais justo e sustentável. Estas conclusões pertencem ao estudo “Millennial and Gen Z Survey 2021” que Deloitte realiza pelo décimo ano consecutivo.
Segundo os resultado, divulgados em comunicado pela consultora, os inquiridos estão a canalizar esforços para ações que possam marcar a diferença: “aumentando o envolvimento político, alinhando gastos e percurso profissional de acordo com os seus valores e promovendo mudanças nas questões sociais que mais lhes dizem respeito”. Os inquéritos, realizados a quase 15 mil Millennials e a aproximadamente 8.300 jovens da Geração Z em 45 países, permitem ainda concluir que estas gerações esperam que empresas e governos sejam mais atuantes em questões práticas, precisa o comunicado.
Nuno Carvalho, partner da Deloitte refere que “a pandemia da Covid-19 teve marcadamente um impacto na forma como os Millennials e a Geração Z olham para o mundo. Num momento em que se o mundo ainda se debate com importantes desafios, principalmente em termos económicos e sociais, os jovens, mais do que nunca, querem atuar e esperam que as empresas façam o mesmo”.
Compromisso das empresas em causa devido à pandemia
As alterações climáticas e a proteção do meio ambiente eram, há um ano, a principal preocupação dos Millennials. Contudo, este ano, os temas da saúde e do desemprego encabeçam a lista de preocupações pessoais desta geração. Ainda assim, o foco contínuo nas questões ambientais, sendo esta a terceira preocupação apontada, demonstra o quão importante a defesa do planeta terra é ainda para as gerações mais jovens: “O tema ganha uma importância acrescida para a Geração Z, já que esta é indicada como a sua principal preocupação, mesmo durante uma pandemia global, quando outras ameaças à saúde, bem-estar familiar e carreiras profissionais são mais iminentes”, indica o estudo.
Muitos acreditam (37% dos Millennials e 40% da geração Z) que mais pessoas vão querer atuar na defesa do ambiente e do clima no pós-pandemia. Isso poderá incluir desde a reciclagem até à preferência pela utilização de transportes públicos, ou até uma mudança de hábitos alimentares e de compras. Como consumidores, os Millennials e a geração Z continuam a tomar decisões alinhadas com os seus valores: “Mais de um quarto dos entrevistados confessaram que o impacto das empresas no meio ambiente, seja positivo ou negativo, teve influência direta nas suas decisões de compra”.
No entanto, “aproximadamente 60% dos Millennials e da Geração Z temem que o compromisso das empresas em ajudar a combater as alterações climáticas seja agora menos prioritário, por conta dos restantes desafios que os líderes empresariais enfrentam atualmente decorrentes da pandemia”, lê-se no comunicado.
A pandemia da Covid-19 trouxe ainda o tema do stress para a linha da frente do debate social. Atualmente, e segundo as respostas dos entrevistados, “41% dos Millennials e 46% dos jovens pertencentes à Geração Z sentem stressados sempre ou a maior parte do tempo”. Finanças, bem-estar familiar e perspetivas de emprego têm sido os principais fatores de preocupação, refere o estudo.
Esse stress é também alargado ao local de trabalho: “Cerca de um terço de todos os entrevistados (31% dos Millennials e 35% da Geração Z) admite já ter faltado ao trabalho por conta do stress e ansiedade causados pela pandemia”. No entanto, quase metade desse grupo apontou ao empregador um motivo diferente para justificar a sua ausência, o que pode indicar a existência de um estigma em relação à saúde mental no local de trabalho: “Apenas 38% dos Millennials e 35% da Geração Z se sentiram confortáveis o suficiente para falar abertamente com os seus superiores sobre stress. Aproximadamente 40% afirmam que a sua entidade empregadora não foi capaz de providenciar um apoio efetivo à saúde mental durante a pandemia”, refere o estudo.
Também, a incerteza dos Millennials e da Geração Z em relação ao seu futuro financeiro é hoje em dia uma das principais preocupações, muito por conta do clima de instabilidade económica que se vive, indica o estudo.
“Este estudo tem sido ao longo dos anos um barómetro das preocupações e comportamentos das gerações mais novas, sendo possível perceber em direção caminhamos. Para as empresas continuarem a ser atrativas para é necessário acompanharem essas mudanças e mostrar que podem ser catalisadores de mudança para uma sociedade mais verde e igualitária”, remata Nuno Carvalho.