A Economia Circular está, hoje, subjacente em muitas empresas. Produtos sustentáveis, amigos do ambiente e com um ciclo de vida longo são, cada vez mais, uma opção. Há também quem ponha em prática estes conceitos e desenvolva os seus próprios produtos. Com o objetivo de dar “voz” a projetos de cariz sustentável, a Ambiente Magazine irá, todas as semanas, apresentar algumas iniciativas aos nossos leitores e dar a conhecer o que se faz em Portugal nesta área. Esta semana, partilhamos o projeto “SHOPOPOP”.
Trata-se de uma plataforma de entregas colaborativa, que liga negócios com necessidades de fazer entregas de proximidade e uma comunidade de pessoas dispostas a rentabilizar as suas deslocações diárias ou tempos livres a fazer entregas com os seus próprios meios e numa ótica de rendimento extra. Quem o diz é João Sanches, country manager da Portugal Shopopop, destacando que, “através da nossa tecnologia e aplicando os princípios da economia colaborativa, conseguimos aproveitar a disponibilidade da comunidade em volta de cada loja para oferecer um serviço de entregas eficiente em a partir de duas horas e a qualquer hora agendada”.
Olhando às vantagens ambientais, João Sanches destaca que o e-commerce está a gerar um crescimento exponencial à chamada “Last-mile-Delivery”. E o impacto nas cidades já se começa a sentir: “Através de uma comunidade colaborativa de proximidade acreditamos que podemos contribuir trocando entregas feitas por carrinhas da logística tradicional por entregas feitas nas deslocações diárias da comunidade nos seus próprios carros ou até mesmo a pé”. O responsável está confiante que o modelo implementado na Shopopop terá um “impacto positivo no trânsito dentro dos centros urbanos”, contribuindo para um “ambiente mais respirável e menos poluído”.
Numa altura em que as compras online e a exigência dos consumidores nas entregas estão a aumentar cada vez mais e com a crescente exigência dos condumidores, a Shopopop chega na altura certa: “ O nosso produto é diferenciador por permitir entregas agendadas no próprio dia, num modelo de slot based delivery, o que permite ao cliente selecionar a janela horária em que receberá o seu produto, podendo recebê-lo duas horas após a sua compra”. Simultaneamente, “não existe qualquer limite de número de entregas por dia ou janela horária”, explica. Depois, tratando-se de um produto tecnológico, a plataforma incorpora um “sistema de precisão horária”, que permitirá à loja “monitorizar todas as entregas em tempo real” e que “o cliente seja informado no momento em que o Shopper se dirige a sua casa”, refere. A isto, acresce que “qualquer contacto com os clientes finais das empresas parceiras é da responsabilidade da Shopopop”, que, através de um “serviço de apoio ao cliente, assegura a concretização de todas as entregas, dentro do horário definido”, precisa.
Em Portugal, nestes primeiros meses, o balanço é já muito positivo: “Conseguimos rapidamente conquistar a confiança de algumas das principais cadeias de supermercados nacionais, cadeias de retalho especializado, tal como pequenos negócios como, floristas, garrafeiras ou pastelarias”, afirma. Já em França, o modelo é uma “referência” e, precisa João Sanches, “mais de 1.200 supermercados das principais cadeias” como Auchan, Intermarché, E.Leclerc, Carrefour, U-Drive, Groupe Casino Decathlon substituíram uma parte significativa das suas entregas de proximidade pelo modelo colaborativo: “Em França temos cerca de 100 mil pessoas registadas a fazer entregas colaborativas para duas mil lojas”, vinca.
Quanto ao futuro, o grande objetivo centra-se em “ganhar a confiança dos grandes retalhistas e dos pequenos negócios” com necessidades de “entregas rápidas num raio de 20km’s”, afirma, assegurando que as entregas feitas pela comunidade oferecem uma “incrível precisão horária e uma experiência excelente para o cliente final”. Com o lema “Entregas que fazem sentido”, a Shopopop acredita que com base na “confiança” e na “comunidade” está a construir um mundo melhor.
[blockquote style=”2″]Portugal está a “acelerar a abertura das dark store[/blockquote]
Avaliando a prestação de Portugal no que à economia circular diz respeito, João Sanches reconhece que Portugal tem ainda um “caminho longo” a percorrer: “Mas, este é sem dúvida um tema que está na lista de prioridades da maior parte das empresas retalhistas do mercado”. E a “pegada de carbono gerada pelos retalhistas ao longo das várias etapas da cadeia de valor”, desde a produção e armazenagem, ao transporte dos seus produtos, é uma “preocupação real”, declara. No que diz respeito à etapa da distribuição, João Sanches considera importante que o setor procure por “soluções de logística de última milha, responsáveis e inovadoras” que dêem o seu contributo sustentável. E no que no que toca à eficiência logística, exemplifica o responsável, Portugal está a “acelerar a abertura das dark store”, que permitem uma “operação mais eficiente e centralizada das encomendas”. Também, está previsto que os armazéns tradicionais se tornem “mais inteligentes” com recurso à robótica, por exemplo: “Esta otimização permite, além de aumentar a produtividade das empresas, reduzir o desperdício de recursos humanos, de tempo ou de produto”, declara. O que também parece ser cada vez mais óbvio é a “grande penetração” dos negócios online em zonas rurais: “Um crescimento que vai colocar uma percentagem elevada de veículos de entrega nas cidades do interior até 2030”. Este é assim mais um “argumento” para que o mercado português “reconheça o valor e impacto do modelo das entregas colaborativas”, precisa.
Citando os dados do “Environmental Performance Index”, João Sanches refere que Portugal ocupa o 26.º lugar de entre 180 países com melhor performance ambiental em 2020: “Este é um bom indicador de que estamos bem encaminhados, mas que temos uma margem de progressão grande”, afirma.
Do lado legislativo, o responsável refere que Portugal caminha para o reconhecimento da economia circular: “Foi traçado um Plano de Ação para a Economia Circular (PAEC) em 2017 e criada uma plataforma online que permite a consulta da legislação em vigor e comunica oportunidades e propostas de sugestões práticas que podem ser adoptadas”. Também ao nível político já se percebe que existe “intenção” em expandir a economia circular: “Mas, é um trabalho que exige a revisão e criação de leis locais que estão desatualizadas ou que ainda não existem, que prevejam a circulação e aproveitamento dos recursos e promovam a interação entre diferentes grupos de interesse e stakeholders e definição de boas-práticas”. Para o country manager da Portugal Shopopop, “conhecer o mercado da economia circular” no país, “ouvir as suas proposições” e “construir legislação que tire proveito dos seus benefícios para o crescimento da economia”, é decisivo.
Quais as perspetivas para o futuro?
Queremos acima de tudo consolidar a relação com os nossos parceiros e expandir o modelo colaborativo para todo o território nacional, garantindo entregas de qualidade, entre vizinhos.
*Fotos: Facebook da SHOPOPOP