A Economia Circular está, hoje, subjacente em muitas empresas. Produtos sustentáveis, amigos do ambiente e com um ciclo de vida longo são, cada vez mais, uma opção. Há também quem ponha em prática estes conceitos e desenvolva os seus próprios produtos. Com o objetivo de dar “voz” a projetos de cariz sustentável, a Ambiente Magazine irá, todas as semanas, apresentar algumas iniciativas aos nossos leitores e dar a conhecer o que se faz em Portugal nesta área. Esta semana, partilhamos a“Capsula Organic Brand”.
Surgiu em 2019, quando já se notava um interesse cada vez maior do público ao conceito de slow fashion e aos princípios da sustentabilidade, começa por dizer Mariana Pinto Sousa, cofundadora da “Capsula Organic Brand”, sublinhando tratar-se de uma marca de moda feminina portuguesa feita a partir de materiais sustentáveis. Na altura, quando começaram a procurar fornecedores e materiais para criar o projeto, jamais imaginariam as mudanças que 2020 trouxe: “A pandemia que atingiu todo o mundo, e irrompeu em Portugal em março, poderia ter posto um travão neste projeto, mas, ao contrário do que seria expectável, avançamos e, em maio de 2020, a primeira coleção foi apresentada”, recorda.
Para Mariana Pinto Sousa, a sustentabilidade tornou-se numas das “buzz words” da sociedade contemporânea: “E isto acontece porque os nossos modos de vida e de consumo estão mesmo a precisar de mudar”, alerta. Por seu turno, para a “Capsula Organic Brand” não só é importante “pensar nos materiais com que são criadas as coleções, apostando numa constante procura de novos materiais naturais e amigos do ambiente”, como também “garantir boas condições de produção e baixos níveis de desperdício”. Para além disso, “há ainda uma preocupação que as peças fabricadas sejam de qualidade para que possam durar mais, idealmente uma vida, e portanto, reduzir o consumo”, precisa.
Ambientalmente, a filosofia da marca portuguesa é “criar uma moda consciente para um amanhã melhor”, refere a responsável, destacando o desejo de “entregar moda feita de forma justa em Portugal tanto no que diz respeito às pessoas que a fazem, como também aos nossos recursos naturais”. Por isso, na “Capsula Organic Brand”, falar de sustentabilidade é falar de materiais naturais ou reciclados, qualidade e durabilidade e respeito pelos produtores nacionais: “Para todas as pessoas e para o meio ambiente, todas as nossas coleções estão voltadas para um futuro sustentável, onde todos possam viver em harmonia”, assegura.
Desde o início até ao presente, o balanço que Mariana Pinto Sousa faz do projeto é bastante positivo: “A Capsula tem um ano e, até agora, já alcançamos metas das quais nos orgulhamos muito, mas ainda temos muito mais para conquistar”. E apesar da marca ter sido lançada numa época tão “instável e atípica”, a cofundadora refere que todo o esforço foi compensado: “Estamos imensamente agradecidas a todas as nossas clientes e a todas as pessoas que nos têm apoiado de forma incondicional”.
Quando se fala em futuro, Mariana Pinto Sousa é perentória: “É um projeto ambicioso para o qual não colocamos limites. No entanto, aquilo de que nunca vamos abdicar é da nossa essência”. Sendo uma marca que cria “peças intemporais”, com um “forte conceito de sustentabilidade” e uma “política zero waste”, é ambição da “Capsula Organic Brand” continuar a criar “pequenas coleções que garantam às clientes que estão a comprar um produto diferenciador, de qualidade infinitamente superior a uma marca de fast fashion” e, ao comprar português, “estão a apoiar toda a economia nacional”, afinca.
[blockquote style=”2″]Instrumentos e ferramentas que apoiem a inovação e a economia circular[/blockquote]
Relativamente às temáticas Economia Circular, Mariana Pinto Sousa reconhece que, em Portugal, já são muitas as empresas que começam a apostar num caminho de sustentabilidade e a adotar estratégias e projetos baseados no modelo circular. E esta mudança de paradigma, acredita a responsável, tem contribuído para uma “dinâmica mais equilibrada e criativa” entre empresas, consumidores e recursos naturais: “Mas, para que seja possível que as empresas façam essa transição é necessário criar mais apoios e disponibilizar sistemas de incentivos que permitam aumentar a sua competitividade”, sucinta.
Apesar do Governo apostar cada vez mais na transição do país para uma economia circular, a cofundadora da Capsula Organic Brand considera ser necessário “continuar a pôr em andamento instrumentos e ferramentas” que apoiem a inovação e a economia circular: “Os líderes políticos têm um papel preponderante como impulsionadores destas dinâmicas e medidas, eliminando barreiras e impulsionando a participação de todos”, constata.
Quais as perspetivas para o futuro sobre estas matérias?
A tendência da economia é dirigir-se para a economia circular, mas ainda há um longo caminho a percorrer. Há diferenças significativas entre os países e as suas legislações e há também diferenças na conscientização da sociedade, marcas e empresas. Se o que realmente queremos é um futuro sustentável, é necessária uma mudança real em todas as áreas, bem como a criação de sistemas mais vigorosos que permitam que caminhemos realmente para uma economia circular.