O Papa Francisco pediu, ontem, aos cristãos, que assumam “estilos de vida coerentes com a salvaguarda da criação de Deus”, numa nova intervenção em defesa do ambiente e contra o consumismo, revela o Jornal de Notícias.
Na 100ª audiência geral do seu pontificado, perante a multidão reunida na praça de S.Pedro, Jorge Bergoglio reafirmou o apelo para uma mudança do modo de vida, apresentado em junho na encíclica “Laudado si”, seis meses antes da conferência de Paris (COP21) sobre as alterações climáticas.
Pela primeira vez, católicos e ortodoxos vão assinalar, depois de amanhã, “um dia mundial da oração pelo cuidado da criação”, lembrou o papa, “para contribuir para a resolução da crise ecológica que a humanidade está a viver”.
Iniciativas locais de oração e reflexão previstas vão “fazer desta jornada um momento forte para que também possam ser escolhidos estilos de vida coerentes”, afirmou.
O dia mundial de oração pelo cuidado da criação, instituído pelo papa, vai realizar-se anualmente a 01 de setembro, data em que já era assinalado pela Igreja Ortodoxa.
Na encíclica “Laudato si” [Louvado sejas, em latim], o papa defende um modo de vida mais sóbrio e mais tranquilo, sublinhando que os problemas ambientais estão intimamente ligados aos sistemas sociais, económicos e ao domínio da finança e da tecnologia.
Numa entrevista ao diário chileno El Mercurio, citado pelo jornal L’Osservatore Romano, o presidende da Academia Pontifícia das Ciências, o argentino Marcelo Sánchez Sorondo, disse que o papa não gostava de ver reduzir a uma “encíclica verde” um texto que via mais como uma encíclica sobre justiça social, na medida em que a “questão do clima tem uma repercussão sobre os povos mais pobres”.
Esta foi a 100.ª audiência geral de Jorge Bergoglio desde que foi eleito em março de 2013.
De acordo com o Vaticano, Francisco recebeu três milhões de peregrinos, em Roma, em dois anos e meio de audiências gerais, ‘angelus’ e audiências especiais.