A Deco Proteste, organização de defesa do consumidor, participou num estudo a 116 detergentes para a loiça com o objetivo de “avaliar a eficácia dos produtos” e o “impacto ambiental das suas fórmulas e respetivas embalagens”.
Para a análise, segundo um comunicado da Deco Proteste, foram escolhidos “56 detergentes para a máquina da loiça” e “60 para lavagem manual da loiça”. Entre produtos líderes de mercado, das marcas tradicionais, também foram analisados vários detergentes “verdes”, com reputação ou atributos ecológicos, como Rótulo Ecológico Europeu e autodeclarações ambientais.
Dos 116 produtos analisados, alguns têm fórmulas simples, com 8 a 15 substâncias diferentes. Noutros produtos, sobretudo detergentes para as máquinas de lavar loiça, encontraram-se “fórmulas muito complexas”, em alguns casos com quase “35 substâncias diferentes”, lê-se no comunicado. Em cerca de “dois terços dos produtos analisados” havia, pelo menos, “um ingrediente na lista de substâncias preocupantes (perfumes/fragrâncias e corantes) que se podem evitar em detergentes porque não comprometem a eficácia”, indica o estudo. Segundo a Deco, “os ingredientes conservantes mais frequentes são, também, substâncias nocivas para o ambiente mas existem alternativas com menos impacto”.
O estudo, que incluiu igualmente a análise das embalagens, conclui que “o ecodesign ainda não é uma prioridade para a maior parte das marcas”. Embalagens pouco cheias, sem incorporarem materiais reciclados, com rótulos dificilmente destacáveis na hora de reciclar e cores que comprometem a aceitação do recilado são muito frequentes nos produtos analisados, segundo o estudo.
Globalmente, dos 56 detergentes para máquinas de lavar loiça analisados, “apenas 35% revelaram baixo impacto ambiental”. Já dos 60 detergentes manuais para a loiça, “mais de metade (56%) foi classificada, nos critérios avaliados, com desempenho ambiental bom ou muito bom”, confirma o estudo.
Quanto à referência a atributos ambientais, a organização de defesa do consumidor confirma que, no caso de alguns produtos foi, claramente, exagerada. Segundo o estudo, os produtos tradicionais, por norma, fazem “alegações ambientais com referência aos ingredientes e à embalagem”, enquanto as a”legações relacionadas com o bem-estar animal e o impacto ambiental geral aparecem, quase exclusivamente, nos detergentes que se assumem como ecológicos”.
O estudo realizou-se no âmbito do projeto europeu CLEAN, cujo objetivo é aumentar a consciência dos consumidores para o impacto ambiental dos detergentes de uso doméstico, para que reconheçam alegações enganadoras e práticas comerciais menos leais destes produtos.