A polémica em torno dos limites à pesca da sardinha deverá arrastar-se por mais algumas semanas. Com a quota de 2015 já praticamente esgotada, os armadores querem saber com o que podem contar para o próximo ano. A decisão será tomada “o mais depressa possível”, garante a Direcção-Geral dos Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM), mas “não é certo que vá ao encontro das pretensões dos operadores do setor”. Aumentar a quota face a este ano “está fora de questão” e a sua manutenção é ainda “uma incógnita”, avança o jornal Público.
“Queremos que a decisão seja tomada com a melhor informação disponível. Do ponto de vista técnico, a menos que haja grandes surpresas na informação adicional de que estamos à espera, arriscaria dizer que nunca estaremos numa situação melhor do que este ano. A manutenção da situação atual (13 mil toneladas) seria o melhor que se poderia esperar”, adiantou ao Público, Miguel Sequeira, director-geral dos recursos naturais e presidente da Comissão de Acompanhamento da Sardinha, que se reuniu ontem em Lisboa, para analisar a crise nos sector.
Os armadores não aceitam “de maneira nenhuma” uma quota inferior às 13 mil toneladas autorizadas para este ano. “Esta quantidade é possível, e até ir mais além, sem pôr em causa a recuperação dos recursos”, garante Humberto Jorge, presidente da Associação Nacional das Organizações de Produtores de Pesca de Cerco (Anopcerco), uma das entidades que faz parte da comissão. “Tão ou mais importante que as medidas de apoio é saber quais as possibilidades de pesca em 2016, porque é muito difícil planear o resto deste ano e o inicio do próximo ano”, alerta o responsável.
Para tentar forçar uma resposta, a Anopcerco vai desafiar a ministra da Agricultura para uma reunião ainda esta semana. “Para que fique preto no branco quais são as possibilidades de pesca com que podemos contar para o ano. Sem saber isso não podemos dizer sequer se os apoios são suficientes para podermos sobreviver até à reabertura da captura da sardinha no próximo ano”.
Do lado da DGRM, o assunto é visto com alguma cautela. Aumentar a quota “é uma hipótese que não se coloca”. Nem este ano, como defendem os autarcas das zonas afetadas pela suspensão temporária da pesca de sardinha, nem no próximo.