O ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, participou esta terça-feira na conferência “A Fair, Green and Digital Recovery of the EU: Czech and Portuguese Perspectives”, promovida pela Embaixada de Portugal em Praga. A sessão foi organizada no âmbito da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia e teve como foco de discussão a estratégia de transformação justa, verde e digital da União Europeia.
Quando se fala em “segurança energética”, tem que se considerar que “Portugal não tem carvão, petróleo ou gás natural”, disse o ministro do Ambiente, constatando que isso assegura, ao contrário do que se possa pensar, uma “maior resiliência” ao país, pois este usa os seus recursos naturais: “Nós já temos 60% de energia produzida por energias renováveis”. E para que Portugal tenha um “sistema de segurança completo” no que toca à energia, é necessário ter “100% da energia” a ser produzida do vento, do sol ou da água, sucinta. Contudo, Matos Fernandes chama a atenção para alguns processos, como a indústria química, em que se torna “impossível substituir o gás natural por eletricidade” e, por isso, tem de encontrar alternativas, ou seja, “substituir o gás natural por gases renováveis”.
Já numa ótica europeia, o ministro do Ambiente considera que o melhor caminho é o estar dependente das fontes naturais e não de petróleo ou de gás natural: “Tenho de relembrar que o português António Guterres insta as pessoas a não investir em novos projetos com petróleo ou gás natural”. Matos Fernandes acredita que as “interligações” e o “fundo de transição” são a chave para a Europa e para países como a Polónia que ainda não iniciaram a transição energética e ainda mantêm minas de carvão. Nestas matérias, o responsável não tem dúvidas de que o “compromisso político” e o “investimento em fontes renováveis” traduzir-se-á em “mais empregos e empregos mais qualificados”, um cenário que se repete por todo o mundo.
Matos Fernandes vai mais longe e divide os países em dois tipos: “aqueles que dependem do petróleo” mas que, além de terem muitos recursos naturais para produzir energia renovável, têm também “muito dinheiro para fazer esses investimentos”, como é o caso da Arábia Saudita; e os “muitos outros países, como a Nigéria ou Angola”, cujas economias “dependem do petróleo e do gás natural” e que “não têm esse dinheiro para fazer essa mudança”. E aqui os Estados Unidos da América e a União Europeia poderão ter um papel central: “Somos sete mil milhões de habitantes no planeta e prevê-se que sejamos dez mil milhões daqui a trinta anos: este crescimento de três mil milhões será em África”. Matos Fernandes recorda que os habitantes de África não têm o “mesmo nível de conforto” que existe na Europa e está a ser-lhes pedido um esforço que “necessita de apoio financeiro de todo o mundo” até porque ” é um problema que nenhum país, seja grande ou pequeno, pode resolver sozinho: Precisam de vir de onde estão para uma sociedade em que se possa reutilizar os recursos naturais e que seja neutro em carbono de uma forma muito rápida”.