Num ano marcado pela pandemia Covid-19, a AEVO (Associação de Empresas de Valorização de Orgânicos) e os seus associados mantiveram a sua atividade totalmente operacional, tendo “valorizado aproximadamente 480 mil toneladas das chamadas Lamas de ETAR”, um produto que resulta do processo de tratamento das águas residuais.
Este valor, segundo o comunicado da AEVO, “significa aproximadamente 60% do total de Lamas produzidas no ano passado em Portugal”, um “número em linha com o período homólogo”, tendo a sua totalidade sido “reutilizada na produção agrícola e florestal”, consubstanciando-se assim numa “atividade de grande valor ambiental” que, de igual forma, “contribui para uma economia e agricultura circulares”.
No total, em 2020, “o setor terá valorizado aproximadamente 800 mil toneladas de lamas”, cujos destinos foram, maioritariamente, a “Valorização Agrícola Direta e a Compostagem” realizadas por “Operadores de Gestão de Resíduos (OGR)” vocacionados para a “reciclagem de resíduos orgânicos com destino agrícola”, lê-se no comunicado.
“Esta atividade é um exemplo perfeito de economia circular, já que transformamos um resíduo num produto que enriquece e valoriza os nossos solos. E além dos ganhos económicos para todas as partes envolvidas, desde o produtor ao agricultor, existe um elevado ganho ambiental, uma vez que ao enriquecermos os nossos solos, pobres em matéria orgânica, contribuímos para uma redução na aplicação de adubos minerais (importados)”, afirma Ricardo Silva, presidente da AEVO.
Das lamas recebidas pela AEVO, “a grande maioria, cerca de 400 mil toneladas, foram valorizadas através do processo de compostagem”, dando origem a um “produto final de excelente qualidade”, utilizado na “agricultura como corretivo orgânico”, refere a associação. As restantes, e após os “tratamentos de higienização”, foram encaminhadas para “Valorização Agrícola Direta, um valor residual explicado pelos diversos entraves burocráticos à execução desta técnica, mais rápida e menos dispendiosa do que a compostagem”. O produto resultante da valorização direta efetuada pelos OGR, é entregue “gratuitamente a agricultores e produtores florestais, que assim podem enriquecer os seus solos sem recorrerem a adubos e fertilizantes químicos”, refere a AEVO.
O responsável da associação revela ainda que as “400 mil toneladas encaminhadas para compostagem refletem já os diversos investimentos em curso por parte dos OGR, que permitiram aumentar a capacidade em quase 150 mil toneladas ao longo de 2020”. Tendo em conta, “os planos de investimentos de vários dos nossos associados, com valores superiores a dez milhões de euros, é previsível que esta capacidade possa aumentar para as 700 mil toneladas até ao final de 2022”, refere Ricardo Silva.