A Stex, startup que desenvolve tecnologias verdes para a produção de biocombustíveis líquidos, prébióticos e proteínas a partir de biomassas residuais ou resíduos em escala industrial, foi distinguida com o prémio Born from Knowledge (BfK) Awards, atribuído pela Agência Nacional de Inovação (ANI), no âmbito da 7ª Edição do Prémio Empreendedorismo e Inovação Crédito Agrícola.
A startup que opera uma “planta piloto” dentro das instalações da Unidade de Bioenergia e Biorrefinarias do Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG), pretende lançar em dois anos a primeira biorrefinaria da Península Ibérica, refere em comunicado.
Em 2018, a União Europeia aprovou a RED II, que obrigará o setor dos transportes a incorporar, no mínimo, 3,5% de biocombustíveis que provenham de resíduos até 2030. No entanto, atenta a empresa, o problema é que “não há produtores deste tipo de biocombustíveis em Portugal e, na Europa, a produção é incipiente”. Desta forma, para combater o problema, a Stex, desenvolveu um processo inovador, que assenta numa unidade industrial, a biorrefinaria, para transformar resíduos florestais, agrícolas ou lixo urbano em bioetanol. Trata-se, assim, de um “biocombustível avançado”, uma vez que é feito a partir de “matéria celulósica residual e não compete com a produção de alimentos”, assegura a empresa
Os clientes da Stex são os distribuidores de combustíveis, que, no âmbito da RED II, têm de incorporar nos seus produtos pelo menos 0,2% bioetanol já em 2022; 1% em 2025; e 3,5% em 2030. O objetivo, segundo o comunicado, é que, até 2030, o consumo de fontes de energia renováveis pela União Europeia seja de 32%. Com a procura por este tipo de biocombustível a aumentar nos próximos anos, a Stex revela que, !só na Europa, o potencial de mercado pode chegar a 15 mil milhões de euros”.
Um biocombustível de resíduos pode reduzir até cerca de 95% as emissões de CO2
Após quatro anos a desenvolver a tecnologia no Brasil, os fundadores da startup decidiram mudar-se para a Europa, onde, consideram que existe “legislação madura” para a transição energética e para uma sociedade neutra em carbono até 2050. Em 2019, abriram então a Stex e instalaram no campus do Lumiar do LNEG, em Lisboa, a Unidade Piloto que mantinham do outro lado do Atlântico. A unidade, segundo a empresa, está em operação, numa “escala de 1:15 a 1:20 da biorrefinaria comercial”, sendo uma das maiores da União Europeia e, de longe, a maior da Península Ibérica.
A Stex validou o processo para resíduos florestais (de Portugal), bagaço de azeitona e podas de oliveiras e resíduos sólidos urbanos (RSU) através de uma parceria com o LNEG, o que lhe tem permitido reforçar a sua credibilidade, dada a importância do LNEG no ecossistema de I&D&I. Neste momento, a startup está à procura de parceiros para implementar as biorrefinarias em Portugal e na Europa.
Nos próximos dois anos, o objetivo é construir em Portugal a primeira biorrefinaria da Península Ibérica, e, em 10 anos, dez no território ibérico. O restante mercado europeu também está nos horizontes da empresa.
O projeto desenvolvido pela Stex, além de dar um “destino sustentável aos resíduos florestais, agrícolas ou urbanos”, permite também aos distribuidores de combustíveis contribuir para a descarbonização da sociedade ao utilizar um biocombustível de resíduos que pode reduzir até cerca de 95% as emissões de CO2 em comparação com os fósseis.