No programa do Governo está implícita a ideia de “construir” durante esta década uma “sociedade altamente desenvolvida” onde o “crescimento da economia e da produtividade” assenta na “qualificação dos portugueses e na inovação”. Basicamente, o programa assenta numa “sociedade mais justa, inclusiva, que não deixa ninguém para trás” e que tira “proveito das tecnologias digitais” para melhorar a “eficiência dos processos de produção”, a “redução dos resíduos” e a adaptação às “alterações climáticas”. Para este propósito, foram definidas algumas metas ambiciosas.
O ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, que falava na conferência “Ação Climática – Desafios Estratégicos” promovida esta segunda-feira pelo Ministério do Ambiente e da Ação Climática, refere que, dentro de tais metas, destaca-se uma “economia em que o valor das nossas exportações corresponderá a 50% do PIB em 2026” e “60% do PIB em 2030”. Para tal, “havemos de assegurar um maior crescimento da nossa capacidade de inovação, medida por uma despesa em investigação e desenvolvimento equivalente a 3% do nosso PIB em 2030”, acrescenta, recordando também a meta de uma “economia em que as emissões de gases de efeitos de estufa serão reduzidas a 55%, relativamente aos valores de 2005”.
Trata-se assim de uma “visão” e de um “trajeto” desafiador que, do ponto de vista do ministro, exige “reforçar a qualificação dos portugueses”, ao mesmo tempo que reforça e capacita “o sistema científico e tecnológico nacional”, “a ligação entre empresas e tecido produtivo” e “a capacidade de produção de conhecimento”, transformando “conhecimento em produto que chega ao mercado numa forma que valorize a produção nacional e as qualificações dos portugueses”. Mas estes reforços implicam construir em cima do que está feito, assegurando “atração de novas atividades para a nossa economia” e, acima de tudo, acrescentando “valor àquilo em que nos especializámos”, criando mais “complexidade no portefólio de serviços e produtos que vendemos”.
Relativamente ao setor agrícola, Siza Vieira destaca a necessidade de “mitigar” e “adaptar a produção” ao conceito climático, dando nota que os outros setores também “devem ser capazes de utilizar melhor a energia” e “reduzir a intensidade carbónica” nos processos produtivos. Num esforço em que “queremos crescer na cadeia de valor” e “exigir à nossa sociedade um empenho no investimento necessário” para fazerem as adaptações precisas, estas matérias requerem “recursos bem dirigidos aos objetivos que nos propomos”. E o mesmo acontece na atividade produtiva: “Para crescer em valor e produtividade e diminuir a sua intensidade carbónica e consumo de energia, vão-se exigir mais custos”, reforça o ministro, defendendo uma “conciliação” através do “investimento na qualificação, na inovação e nas tecnologias digitais”. Segundo Siza Vieira, há “duas linhas de atuação” para assegurar o paralelismo entre crescimento, produtividade e adaptação a um novo contexto de combate às alterações climáticas e isso passa pela “valorização da nossa capacidade própria para a produção” e “apoios para os produtores atuais”.