Está a decorrer o segundo dia do Portugal Smart Cities Summit 2020. Até ao dia 24 de setembro, o Centro de Congressos de Lisboa vai receber 70 oradores nacionais e internacionais, presencialmente e na plataforma digital, para falar sobre o futuro das cidades.
A sessão de abertura deste segundo dia ficou a cargo do secretário de Estado Adjunto e da Energia, João Galamba. O responsável começou por evidenciar que o “mote geral” para todas as políticas que têm sido seguidas pelo Ministério do Ambiente, relacionadas com a descarbonização, partem de um princípio orientador: “O Governo acredita que a descarbonização é uma extraordinária oportunidade para o nosso país”. E é por isso que, em Portugal, “somos ambiciosos” nas metas estabelecidas: “Somos um país que não produz carvão, não extrai petróleo nem gás”, pelo que, quando comparado com outros países que dependem da utilização e produção dessas fontes de energia, “é uma vantagem” e “algo que deve presidir todas as escolhas de políticas energética de estratégia e descarbonização”.
Tendo em conta que Portugal foi o primeiro país a assumir o objetivo da neutralidade carbónica até 2050 e que passou também a ser um objetivo da República Popular da China para 2060, João Galamba não tem dúvidas de que a próxima década será transformadora a vários níveis. Em Portugal, a transição energética é uma “oportunidade” quer para “grandes e pequenas cidades”, quer para as do “Litoral ou do Interior”, cada uma com as suas características, declara. O objetivo do Governo passa então por “dar os instrumentos e condições” para que os diferentes territórios definam qual a melhor solução para tirarem partido dos seus recursos e das oportunidades da transição energética e, também, “aproveitar a nova legislação sobre o autoconsumo individual, coletivo e de comunidade” para se tornarem “agentes de políticas energética local” em diálogo com todas as partes envolventes. Assim, o secretário de Estado Adjunto e da Energia considera que se olhe para os “desafios da descarbonização” como potencialidades para agentes em particular mas também para o “sistema como um todo”, isto é, “passamos de um sistema linear” para um “sistema integrado, dinâmico e multifuncional com participação ativa de todos” com a “penetração de renováveis no nosso sistema”, acrescenta.
Em matérias do hidrogénio, João Galamba fala numa “simbiose quase perfeita” entre o hidrogénio verde e a eletrificação. Num momento em que se questionavam os investimento solares, o responsável refere que a integração entre investimentos solares e hidrogénio é um “instrumento de viabilização a médio e longo prazo” dessas infraestruturas que são fundamentais para a “eletrificação do país”.
Apostar num conjunto diversificado de tecnologias e de armazenamento é algo que está bem presente no Plano Nacional de Energia e Clima, pelo que “o papel do hidrogénio em termos de armazenamento de longo prazo é de facto complementar”, permitindo “olhar com segurança para o futuro de que as renováveis não porão em risco nem a segurança de abastecimento nem o funcionamento do nosso sistema elétrico”, declara.
Já foi anunciada que a meta da redução das emissões passou de 40% para 55%, algo que João Galamba não tem dúvidas: “Se o hidrogénio já seria uma necessidade de médio e longo prazo de descarbonização da indústria, neste momento é uma necessidade absoluta e imediata. Sem isso, a indústria portuguesa e europeia não descarboniza”.
Ainda dentro das matérias da descarbonização e da ação climática, João Galamba destaca o apoio que tem sido dado à sustentabilidade dos edifícios, dando conta que as verbas estão acima dos 500 milhões de euros: “Vamos ter capacidade financeira para apoiar autarquias e empresas que queiram investir nesta área”. O papel do Governo é “mobilizar” e “motivar” um “conjunto de agentes” para “acompanhar e desempenhar” o seu papel neste grande processo: “Não iremos a lado nenhum se for apenas o Governo a decretar ou legislar”, declara, acreditando que, até 2030, serão “anos de grande desenvolvimento e de transformação num bom sentido”.