A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) advertiu que quase todos os lémures de Madagáscar estão ameaçados e cerca de um terço está à beira da extinção, devido à desflorestação e à caça.
Numa atualização da sua “lista vermelha” de espécies ameaçadas, à qual a Agência Lusa teve acesso, a IUCN reforçou o alerta para os riscos que enfrentam estes primatas, popularizados pelo filme de animação “Madagáscar”, da DreamWorks, considerando que estão cada vez mais em perigo.
A “lista vermelha” divide as espécies ameaçadas nas categorias “vulnerável”, “em perigo” e “criticamente ameaçadas”, envolvendo esta última as espécies mais próximas da extinção. Cerca de 33 espécies de lémures, que vivem apenas em Madagáscar, estão “criticamente ameaçadas” e 98% dos animais são considerados “ameaçados”.
“Temos agora menos de 10% da floresta original em Madagáscar. Portanto, naturalmente, isto tem um enorme impacto nas espécies que dependem dessas florestas, como os lémures”, disse Craig Hilton-Taylor, responsável pela elaboração da “lista vermelha” da IUCN.
A organização ambientalista sediada na Suíça adverte também para o risco iminente de extinção das baleias francas do Atlântico Norte, que são cada vez mais encontradas enredadas em redes de pesca, mas também depois de colisões com navios. Craig Hilton-Taylor defende que este é um resultado direto das alterações climáticas, que estão alegadamente a empurrar os seus padrões migratórios para as rotas de navegação a norte. De acordo com o responsável da UICN, menos de 250 baleias do Atlântico Norte estavam vivas em 2018, marcando uma queda de 15 por cento desde 2011. Quase todas as 30 mortes ou ferimentos graves das baleias confirmados por causas humanas, entre 2012 e 2016, foram devido a emaranhamento em redes de pesca.
A “lista vermelha” avalia a situação de cerca de 6.000 espécies que se encontram em maior perigo, mas aponta também que das 120.000 espécies de plantas, animais e fungos avaliados, mais de um quarto estão ameaçados de extinção. “Estamos a entrar numa sexta era de extinção e tudo se deve a atividades humanas”, disse Craig Hilton-Taylor, citando a introdução de espécies em lugares onde não pertencem, o uso excessivo de espécies, a limpeza de florestas para dar lugar à agricultura, a urbanização, a poluição e as alterações climáticas.
Globalmente, disse Hilton-Taylor, o relatório sugere que a pandemia de covid-19 levou a uma pausa da atividade económica e humana que tem impacto na vida selvagem. “As espécies podem ser salvas. Esta é a nossa oportunidade de transformar realmente a sociedade”, defendeu.