Cerca de 13% dos ativistas e defensores da justiça ambiental no mundo são assassinados, e outros 18% são vítimas de violência, indica um estudo do Instituto de Ciências e Tecnologia Ambientais da Universidade Autónoma de Barcelona (ICTA-UAB), segundo a Lusa.
O estudo, publicado ontem na revista Global Environmental Change, revela que os movimentos de cidadãos pretendem deter em até 27% a degradação ambiental, apesar da alta taxa de violência e mortes, sobretudo nas zonas indígenas e em casos relacionados com a mineração.
Os investigadores do projeto Environmental Justice (ENVjustice) analisaram 2.743 casos de conflitos ambientais em todo o mundo, registados no Atlas Global da Justiça Ambiental, um mapa interativo que identifica e situa os conflitos ecológicos existentes.
E consideraram que o movimento mundial de justiça ambiental é composto por ativismos locais conta a extração de combustíveis fósseis, a mineração a céu aberto, as plantações industriais de árvores, as barragens hidroelétricas e outras indústrias extrativas, bem como contra a colocação de resíduos em aterros ou em coincineração. “Este é o ecologismo dos pobres e dos indígenas”, disse Joan Martínez-Alier, economista do ICTA-UAB e investigador principal do projeto ENVjustice, um projeto internacional sobre justiça ambiental.
Arnim Scheidel, investigador principal do estudo, disse que “para apoiar os defensores ambientais de maneira efetiva é preciso conhecer melhor os conflitos ambientais subjacentes, assim como os fatores que permitem aos ativistas mobilizarem-se com sucesso pela justiça ambiental”.
Os dados analisados indicam que os ativistas são na sua maioria membros de grupos vulneráveis, que usam formas de protesto não violentas, ainda que isso tenha um custo elevado para as suas vidas. Em 20% dos casos os ativistas têm de fazer frente a altas taxas de criminalidade e as suas ações de protesto têm como consequência denúncias, multas, conflitos e penas de prisão.
Em 18% dos casos são vítimas de violência física e em 13% dos casos são assassinados, números que aumentam quando estão envolvidas populações indígenas, chegando a 27% de atos criminosos, a 25% de violência e a 19% de assassinatos. O estudo também destaca o papel das mulheres como líderes de mobilizações (em 21% dos conflitos) e salienta que são elas as mais afetadas pelos impactos ambientais e nas questões de saúde geradas pelos conflitos.