Organizações ecologistas acreditam que as pandemias e crises de saúde estão muito relacionadas com o estado do meio ambiente a biodiversidade, pelo que instam os governos a concentrarem-se futuramente nos sinais que a natureza dá, conta a Lusa.
Por ocasião do Dia Mundial da Saúde, que se assinala hoje, a diretora executiva da SEO/BirdLife, Assunción Ruiz, chamou a atenção para o papel das aves – o grupo animal sobre o qual se dispõe de mais dados – na identificação de futuras doenças, pois graças a estes animais “podem prever-se e comprovar-se alterações como a mudança do clima”.
“A ação agora deve centrar-se em travar milhares de mortes de pessoas causadas por um vírus, que chegou sem aviso prévio, mas no dia seguinte devemos fixar-nos nos sinais que a natureza nos dá, especialmente através das aves, para prevenirmos este tipo de situações que ameaçam a nossa saúde”, acrescentou.
Diferentes organismos internacionais usam os censos de populações de aves como indicadores da qualidade ambiental, como a Global Biodiversity Information Facility (GBIF) ou o gabinete de estatística europeu Eurostat, que inclui estes dados entre os índices mais importantes para medir a sustentabilidade e o bem-estar social.
“Se para alguma coisa deve servir esta terrível situação é para não duvidar das provas científicas e investir em investigação e desenvolvimento, blindando a nossa segurança sanitária, tendo a natureza como principal aliada”, insistiu Assunción Ruiz.
A organização WWF divulgou hoje a informação “Um planeta são para humanos sãos”, sobre a relação direta entre a destruição da natureza, as alterações climáticas e o aumento do risco de pandemias. “Em habitats bem conservados e com grande diversidade de espécies, os vírus distribuem-se por estas e não afetam o ser humano”, sublinha-se no boletim. Mas quando a natureza se altera ou destrói, debilitam-se os ecossistemas naturais e facilita-se a propagação de patologias.
Segundo a WWF, está provado que a alteração do equilíbrio dos sistemas naturais pela destruição direta de habitats, perda de biodiversidade, tráfico de espécies, intensificação agrícola e pecuária, e mudança do clima, aumentam consideravelmente o risco de surgirem doenças infecciosas transmissíveis ao ser humano.
Para os Ecologistas em Ação, a manutenção dos ecossistemas, que acarretam benefícios essenciais para a saúde humana, é a melhor garantia de sobrevivência, pelo que defendem a recuperação dos territórios degradados e a proteção dos terrenos virgens, bem como evitar a exploração intensiva dos recursos naturais.