A Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP26), prevista para novembro em Glasgow (Escócia), foi adiada para 2021 devido à pandemia do novo coronavírus, refere a Agência Lusa, citando a AFP.
O anuncio foi dado esta sexta-feira pelo governo britânico: “Dado o impacto global e contínuo da Covid-19, não é possível manter a COP26 ambiciosa e inclusiva em novembro de 2020”, informou no site, acrescentando que a COP26 (formalmente conhecida como a 26.ª Conferência das Partes) realizar-se-á em 2021 em Glasgow, mas em data ainda designar.
A decisão de adiar a COP26 foi tomada pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, pela Grã-Bretanha e Itália, país que deveria acolher alguns eventos preparatórios.
O primeiro-ministro escocês, Nicola Sturgeon, escreveu na rede social Twitter que foi uma “decisão dececionante, mas absolutamente correta, pois todos os países estão concentrados na luta contra o coronavírus”.
A Arena de Glasgow, que deveria receber o evento, foi apontada como o local escolhido para a instalação de um hospital temporário para pacientes com Covid-19.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, definiu como prioridade as alterações climáticas, mas o mandato da Grã-Bretanha no comando da conferência teve um início instável e atribulado, mesmo antes do surto da pandemia da Covid-19.
Em janeiro, Boris Johnson demitiu Claire O’Neill, uma ex-ministra que tinha sido nomeada, no ano passado, para liderar o evento e que foi substituída pelo Secretário de Estado para Negócios, Energia e Estratégia Industrial, Alok Sharma. “Vamos continuar a trabalhar incansavelmente com os nossos parceiros para enfrentar a crise climática e estou ansioso por agendar uma nova data para a conferência”, afirmou Alok Sharma.
A secretária executiva da ONU sobre Mudança Climática, Patrícia Espinosa, afirmou que o novo coronavírus “é a ameaça mais urgente que a humanidade enfrenta atualmente”, mas contrapôs que ninguém deve esquecer que “a mudança climática é a maior ameaça que a humanidade enfrentará a longo prazo”.
A reunião em Glasgow deveria ocorrer cinco anos após o acordo climático de Paris, de 2015. Os países que assinaram o acordo de Paris devem fornecer uma atualização sobre seus esforços para reduzir as emissões de gases com efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global.
Também os ativistas ambientais reconheceram que o adiamento faz sentido. “Não faz sentido reunir pessoas de todos os países no meio de uma pandemia”, disse, Mohamed Adow, um participante de longa data em reuniões climáticas, que lidera o grupo de reflexão “Power Shift Africa”, citado pela AP. Adow salientou, contudo, que o adiamento da conferência não deve impedir os países de tomar medidas para conter o aquecimento global, e sugeriu planos de retoma das economias em consonância com as preocupações ambientais.