Na véspera do Dia Internacional da Vida Selvagem, que se assinala esta terç-feira, dia 3 de março, o Grupo Parlamentar do PAN (Pessoas-Animais-Natureza) exige do Governo a “plena implementação do Plano de Ação para a Conservação do Lobo Ibérico (PACLobo), uma espécie considerada “em perigo” desde 1990 em Portugal”, pode ler-se em comunicado. Este será um dos temas que o PAN leva a discussão na Comissão de Ambiente, Energia e Ordenamento do Território que reúne a partir das 15h00, desta terça-feira.
De acordo com o PAN, são vários as várias medidas contidas no PACLobo que precisam urgentemente de sair do papel, de modo a que seja assegurada a sustentabilidade da ocorrência desta espécie em Portugal. Para tal, enumera o porta-voz e deputado do PAN, André Silva, “é fundamental que o Governo assegure a concretização dos objetivos operacionais que se encontram definidos no plano de ação, e que, de resto, deveriam ter sido apresentados até novembro de 2019, com destaque, por exemplo, para os Planos Globais de Gestão (PGG) para cada núcleo populacional de lobo”.
O PAN exige ainda ao Governo que, através do Ministério do Ambiente e Ação Climática, liderado por João Pedro Matos Fernandes, a quem cabe a tutela da Conservação da Natureza, os PGG venham a integrar, por sua vez, a obrigatoriedade de zonas de refúgio de presas silvestres (como o corço, veado, cabra-montês e javali) sem atividade cinegética, em cada núcleo populacional do lobo-ibérico.
“Tão ou mais prioritário é ainda a elaboração de um novo diagnóstico da situação do lobo ibérico no nosso país, mediante a realização de um censo populacional, porque só com a atualização dos dados disponíveis que datam de 2002-3 podem, por um lado atualizar o mapa de distribuição da espécie e estimar o número e distribuição dos grupos familiares existentes, e, por outro, desenvolver medidas de conservação adequadas”, defende André Silva. Complementarmente, defende ainda, é também premente a constituição de um plano de monitorização de espécies cinegéticas com o sentido de determinar o estado das populações de presas silvestres.
O PAN avança ainda com a proposta de um conjunto de outras medidas que incluem a realização de um relatório com as medidas e áreas para fomento de cada espécie de presa silvestre; de um mapa de risco de mortalidade ilegal; de um manual de atuação em casos de suspeita de ocorrências de envenenamento, captura e abate ilegal de lobo; ou de protocolo de recuperação de lobos acidentados com vista à sua devolução à natureza.
De acordo com o PAN, estima-se que a principal causa de morte dos lobos ibéricos se mantém maioritariamente relacionada com a “perseguição ilegal por humanos, tendo por referência o Sistema de Monitorização de Lobos Mortos, a cargo do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas desde 1999”. Contudo, apenas é conhecido um relatório referente ao período de 1999-2008, havendo assim uma “lacuna de informação relativa à monitorização de lobos mortos entre o período de 2008 e 2020”, evidencia o partido no mesmo comunicado.