No âmbito de uma política que assenta na forte aposta no combate às alterações climáticas, a Câmara Municipal de Loulé integra uma rede europeia, ao lado de outras entidades do Sudoeste Europeu, dedicada à “gestão do risco de emissões de gases com efeito de estufa em incêndios florestais”, refere o Município em comunicado.
O projeto SUDOE-REMAS/INTERREG, aprovado em junho de 2019, é constituído por 8 beneficiários, sendo o beneficiário principal a Associação de Municípios Florestais da Comunidade de Valência (AMUFOR) e os restantes a Universidade Politécnica de Valência, Universidade de Valência, Delegação de Valência, Instituto Nacional de Investigação e Tecnologia Agrária e Alimentar, Município de Loulé, Instituto Superior de Agronomia e a Escola Nacional Superior das Ciências Agrónomas de Bordéus.
A coordenação do projeto no Município de Loulé está a cargo do Gabinete Técnico Florestal pertencente ao Serviço Municipal de Proteção Civil Segurança e Florestas. O principal objetivo deste projeto é o “desenvolvimento da prevenção, gestão e plano de ação contra o risco de emissões de gases de efeito estufa provenientes de grandes stocks de carbono na vegetação e solos”, devido a incêndios florestais em “ecossistemas florestais vulneráveis do Sudoeste Europeu”, pode ler-se no mesmo comunicado.
Segundo o Município, são cada vez mais comuns os acidentes relacionados com incêndios florestais nesta parte do território da Europa, no início do verão, devido às altas temperaturas e baixa humidade. Em virtude das alterações climáticas, as condições de seca extrema e altas temperaturas são mais rigorosas e prolongadas no tempo. Cada vez mais vivemos com incêndios florestais de alta intensidade que superam os dispositivos e esforços das equipas de extinção. Além das consequências materiais, ambientais e sociais, os incêndios são responsáveis por grandes emissões de CO2 devido à libertação para a atmosfera do carbono armazenado nos sumidouros do solo e da vegetação durante a combustão, sendo este o principal gás de efeito de estufa que contribui para as alterações climáticas.
Para a Câmara Municipal de Loulé a gestão do risco de emissões de CO2 nos incêndios é de “importância crucial para converter este círculo vicioso (alterações climáticas – incêndios florestais – emissões de gás de efeito de estufa – alterações climáticas) no círculo virtuoso que o setor florestal representa com a sua capacidade mitigadora e adaptativa para as alterações climáticas, graças ao seu efeito de absorção de carbono, que faz com que seja o maior sumidouro existente passível de ser gerido”.
Para prevenir a libertação de carbono é necessária uma prevenção ativa de incêndios florestais e uma gestão e restauro de carbono pós-fogo. Tudo isso leva à necessidade de considerar o risco de emissões de gás de efeito de estufa na conceção de planos de prevenção e na tomada de medidas para restaurar os sumidouros do solo e da vegetação. Por essa razão, o REMAS desenvolverá um modelo para a quantificação do risco de emissões de gás de efeito de estufa para poder incluir esse indicador nas políticas e programas de gestão de incêndios, desenvolver cartografia de carbono armazenado e propor medidas de restauro que incluam protocolos de ação padronizados, como medidas pós-incêndio que minimizem o dano e acelerem a recuperação dos reservatórios de carbono.
Com este projeto, o Município acredita que será melhorada a “coordenação e a eficácia dos planos de prevenção e restauro” que incluirão a gestão risco de emissões de gás de efeito de estufa por incêndio florestal nas regiões do Sudoeste Europeu, que são as mais vulneráveis aos impactos das alterações climáticas.
O arranque desta rede aconteceu em Valência onde esteve presente a equipa de Loulé. O projeto estende-se até 2022, estando prevista pelo menos uma visita técnica dos membros da rede à Serra do Caldeirão, entre muitas outras ações.