O relatório de 2014 da Agência de Ambiente Europeia (EEA) foi publicado ontem e revela que os sistemas actuais de produção e consumo na União Europeia têm grande impacto no ambiente e, ainda que comecem a surgir formas mais sustentáveis de satisfazer as necessidades, é fundamental ter mais apoio nesta matéria. Segundo o relatório, os modos de consumo da União Europeia recebem largas influências externas, nomeadamente no que diz respeito à utilização do terreno, à gestão da água e às emissões de gases poluentes, em grande parte devido à importação destes bens consumidos, produzidos no estrangeiro. Ainda que ajude à criação de empregos e gere lucro nos países que os exportam, dá lugar a tendências como o desperdício de alimentos, ao longo da sua cadeia de valor, maior consumo de têxteis baratos e um maior consumo de electricidade nos lares europeus, mesmo com as fontes a ficarem cada vez mais “verdes”. O facto da Europa ser muito dependente do resto do mundo no que às matérias-primas diz respeito, já que importa oito vezes mais matérias-primas do que exporta, também acaba por colocar pressão nesta produção e consumo insustentáveis, uma vez que a extracção e transporte destes materiais acarta vários riscos para o ambiente a nível global. Como os efeitos sociais e ambientais destas tendências vão além fronteiras, as políticas europeias aplicadas tornam-se ineficientes na sua influência e invisíveis aos consumidores. Contudo, as novas tecnologias acabaram por trazer tendências mais positivas e colectivas para os sistemas de consumo, como o car sharing e as hortas comunitárias, práticas mais sustentáveis. Além disso, os consumidores estão também a tornar-se produtores em alguns casos, uma tendência apelidada no relatório como “prosumismo”, que traz benefícios ambientais com o aumento da projecção de tendências como o autoconsumo de electricidade, a mini e micro produção e ainda a cooperação na produção e distribuição de comida. Mas não é apenas a sociedade que deve reagir, os empresários também têm um papel importante a desempenhar, segundo o relatório, uma vez que influenciam o tipo de produtos disponíveis no mercado e podem nortear os consumidores para produtos mais sustentáveis ou até remover produtos mais danosos das prateleiras dos supermercados, por exemplo. Também os novos modelos de negócios que reutilizam os desperdícios e dão segunda vida aos produtos podem contribuir para uma utilização mais eficiente dos recursos na Europa. Ainda assim, aponta o relatório, estas iniciativas necessitam de apoio político para ganhar expressão e serem implementadas. “A forma como vivemos e produzimos tem impactos que vão além das nossas fronteiras. Conseguimos ver que, num mundo globalizado, é ainda mais importante e fundamental que repensemos como consumimos e produzimos, de forma a verdadeiramente encorajar a sustentabilidade ao longo de todo o nosso ciclo de produção”, explicou Hans Bruyninckx, Director Executivo da EEA A publicação do relatório coincidiu com o Global Green Growth Forum, que está a decorrer em Copenhaga, que reúne líderes e decisores a nível global para discutir precisamente como alterar estes padrões da produção e de consumo para viver de forma sustentável em 2050.”
Água e energia (II): A tecnologia como fator de diferenciação e sustentabilidade
As empresas do setor da água e da energia têm vindo a aproveitar cada vez mais as mais-valias da tecnologia...