O vice-Presidente brasileiro, Hamilton Mourão, reconheceu na quinta-feira que o Governo “cometeu erros” no combate às queimadas na Amazónia, já que “todos os anos” a situação se repete, cita a Lusa.
“Cometemos erros, sim. Todos os anos, nós sabemos que agosto, setembro e outubro são meses de seca e de queimadas. É igual ao 7 de setembro [feriado do Dia da Independência do Brasil], sabemos que existe todos os anos. Compete às entidades governamentais, em todos os níveis, travar o combate às ilegalidades cometidas neste momento”, afirmou Hamilton Mourão num encontro com empresários, citado pelo jornal O Globo.
O vice-Presidente do país atribuiu os incêndios que lavram na Amazónia aos “métodos antiquados” de limpeza de terrenos por parte da população. “Existe gente que trabalha nesse limite da fronteira entre a selva e o cerrado [ecossistema mais seco e que cobre um quarto do território do Brasil], que ainda opera de acordo com o avô, com o pai, conceitos antigos de uso do solo. Ele corta o mato, espera o mato secar e ateia fogo. É aí tem de entrar a ação do Governo”, frisou Hamilton Mourão, segundo o Globo.
“Sabemos também que, dentro da área amazónica, convivem três tipos de elementos que cometem essas irregularidades: o madeireiro, o ‘grileiro’ [pessoa que falsifica documentos para ilegalmente tomar posse de terras devolutas ou de terceiros] e o garimpeiro. (…) Nós temos de dar oportunidade de trabalho para essas pessoas, porque senão elas vão buscar um modo de ganhar a vida”, acrescentou Mourão.
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, proibiu, através de um decreto publicado na quinta-feira no Diário Oficial da União, a realização de queimadas no país durante 60 dias. A medida, que já entrou em vigor, surge num momento em que o Brasil enfrenta múltiplos focos de incêndio de grande dimensão na região da Amazónia.
Esta é mais uma medida aprovada pelo executivo de Jair Bolsonaro para combater os incêndios na região na Amazónia, depois de ter aprovado, no dia 23 de agosto e face à pressão internacional, o emprego de militares das Forças Armadas numa operação de “Garantia da Lei e da Ordem”. O efetivo empregado na Amazónia, entre militares e elementos de brigadas de combate a incêndios, é de 3.912 pessoas, além de 205 viaturas.