O maior parque eólico da Europa, que será inaugurado hoje, dia 26, no Alto Minho, num investimento de 360 milhões de euros, foi construído numa zona que afecta três alcateias de lobo ibérico, o que obrigou a medidas especiais de protecção. Nesse sentido, desde a fase de projecto, a construção do parque eólico, da empresa de energias renováveis Vento Minho, foi acompanhada por uma equipa de investigadores com o objectivo de minimizar as consequências do empreendimento nas alcateias. Na sequência do trabalho desenvolvido, a planta inicial do projecto acabou por ser modificada, já que alguns dos aerogeradores, respectivos acessos e linhas de transporte de energia coincidiam com dois importantes centros de actividade de uma alcateia, incluindo o seu local de reprodução tradicional. Para analisar as consequências da perturbação humana provocada pelas obras foi lançado, em Dezembro de 2006, um programa de monitorização do lobo, que está a ser executado pela Associação para a Conservação e Divulgação do Património de Montanha (VERANDA) e pelo Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto (CIBIO). O trabalho desenvolvido pelos investigadores permitiu concluir, segundo Helena Rio Maior, responsável pelo trabalho de campo, que as obras “parecem ter induzido profundas alterações na utilização do espaço por parte de uma alcateia, que se reflectiram na mudança dos seus centros de actividade”. A bióloga frisou à Lusa, no entanto, que “as alterações nos hábitos da alcateia não inviabilizaram a ocorrência de reprodução na Primavera de 2007”. “Constata-se uma aparente tolerância e adaptação do lobo às alterações provocadas no seu território, para o que pode ter contribuído a aplicação de um conjunto de medidas minimizadoras de impactos”, admitiu. A construção de parques eólicos tem um potencial impacto negativo nas populações de lobos, já que são erguidos no cimo das serras, em zonas habitualmente pouco acessíveis, que aqueles animais utilizam para reprodução e abrigo. No caso concreto do parque eólico do Alto Minho, são afectadas três alcateias, dedicando os biólogos atenção especial a uma delas, a denominada Alcateia do Vez, que, segundo Helena Rio Maior, “tem demonstrado elevada estabilidade, com evidências de ocorrência de reprodução contínua ao longo da última década”. As investigações realizadas permitiram perceber que “em todas as alcateias afectadas por este empreendimento as alterações ocorridas nos seus territórios não parecem ter comprometido, para já, a sua viabilidade reprodutora”. “
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