Realiza-se hoje, dia 21 de Novembro, a 30ª Cimeira Luso-Espanhola na cidade de Valladolid, em Espanha. Esta cimeira bilateral terá como tema principal as políticas de desenvolvimento das regiões pobres na fronteira dos dois países. Numa nota enviada à imprensa, a Quercus vem recordar que, “exatamente nestas regiões de fronteira, existem em Espanha projectos ligados à indústria do nuclear, com inúmeros riscos e impactes ambientais, que merecem a atenção prioritária dos dois Governos”.
Depois de muitos anos de contestação, a Quercus, associação de defesa de ambiente nacional que tem seguido mais de perto a temática de Almaraz, “congratula-se com a intenção manifestada pelo atual Governo Espanhol de encerrar esta Central Nuclear até Junho de 2024, integrada numa intenção global de encerramento faseado das Centrais Nucleares Espanholas à medida que vão completando 40 anos de idade”, lê-se na nota.
Contudo, a Quercus considera que “é necessário ir mais longe e tornar esta intenção numa decisão, aprovando e colocando desde já em marcha um plano para o encerramento e desmantelamento desta Central, de forma a vincular futuros Governos. É preciso pois que este não seja um tema esquecido nesta Cimeira Luso-Espanhola e é imprescindível que seja encarado como uma prioridade a nível ibérico pois a continuidade em funcionamento da Central de Almaraz, por mais dez ou vinte anos, representaria um dos maiores perigos para toda a Península Ibérica e Europa”.
Por outro lado, “é também necessário que os grandes projetos de exploração de urânio a céu aberto que estão previstos para a região de Salamanca, alguns dos quais localizados muito perto da fronteira com Portugal, sejam analisados nesta Cimeira, uma vez estes projetos, a avançarem, trariam consigo inúmeros e significativos impactes para os dois lados da fronteira, onde se incluem o abate de cerca de 30.000 azinheiras, o risco de contaminação atmosférica com poeiras radioativas, escorrências de materiais radioativos que chegariam ao rio Douro e a contaminação dos solos com metais pesados”.
A nota refere ainda que perante os previsíveis impactes destes projetos nefastos para o ambiente, para a saúde pública e para as economias locais, “e depois do anterior Governo Espanhol ter ignorado mais uma vez os direitos de Portugal e das suas populações, também aqui era essencial que o novo Governo Espanhol tomasse medidas urgentes no sentido de não autorizar o avanço destes projetos”.
A Quercus continuará, enquanto membro do Movimento Ibérico Antinuclear, a lutar para que o Nuclear e a sua indústria deixem de constituir uma das maiores ameaças à Península Ibérica e à Europa.