Cientistas climáticos alertaram para o “risco de solos que hoje absorvem dióxido de carbono poderem ficar tão saturados que começam eles próprios a emitir aquele gás e a contribuir para o efeito de estufa”, refere a Lusa.
Num estudo publicado hoje no boletim da Academia Nacional das Ciências norte-americana, estima-se que “os ecossistemas ricos em turfa poderão gerar anualmente quase 6% das emissões totais de dióxido de carbono, o principal responsável pelo efeito de estufa, que provoca o aquecimento global”.
Aplicando um modelo que regista a evolução desde há 12.000 anos na zona amazónica do Peru, os investigadores concluíram que a bacia de turfa, que é relativamente pequena, poderá libertar 500 milhões de toneladas de dióxido de carbono até ao fim do século, se o clima continuar a aquecer e a tornar-se mais húmido.
A turfa é um tipo de solo rico em dióxido de carbono, que consegue absorver melhor do que qualquer outro tipo de solo ou cobertura vegetal na Terra.
Mas este tipo de ecossistemas está a ficar saturado e desflorestado, deteriorando-se ao ritmo das alterações climáticas.
No caso da América do Sul, a tendência é para o clima ser mais quente e mais húmido, condições que levam a turfa a libertar o dióxido de carbono absorvido.
É o que já acontece com turfa que está a ser destruída para dar lugar a agricultura em lugares como o Canadá, Sibéria ou o sudeste asiático.
Segundo Qianlai Zhuang, professor de ciências terrestres, atmosféricas e planetárias na universidade de Purdue, nos Estados Unidos, “a agricultura intensiva e perturbações no uso dos solos, como fogos florestais” são as principais causas da perda de capacidade da turfa de funcionar como “um oceano terrestre” no que toca à absorção de dióxido de carbono.