No seguimento das várias notícias que têm surgido na comunicação social sobre o risco associado à regeneração natural de eucalipto em áreas ardidas, a UNAC – União da Floresta Mediterrânica, considera importante esclarecer algumas “informações tecnicamente incorretas” que têm sido divulgadas sobre esta espécie florestal e o seu modo de regeneração.
- O eucalipto foi introduzido em Portugal entre os anos 1850-70, com maior utilização nas plantações a partir da década de 50 do século passado e sustenta uma fileira relevante a nível nacional quer para o sector primário, como para o secundário e terciário;
- O eucalipto glóbulo, é uma espécie folhosa que tem como principal produto a madeira, para produção de pasta para papel, mas também é importante nomeadamente enquanto espécie melífera, devido à floração no Inverno quando há escassez de flores para as abelhas;
- A regeneração natural corresponde à capacidade das plantas se disseminarem naturalmente e pode ocorrer através das sementes, dos rebentos de raiz e/ou do cepo.
Os eucaliptos e as acácias apesar de terem por origem a mesma região geográfica (Oceânia), apresentam comportamentos distintos em termos de regeneração natural e crescimento.
Na mesma nota enviada à imprensa, a UNAC refere que as acácias são fortemente invasoras por regeneração natural e os eucaliptos não, conforme o demonstram os milhares de hectares de acacial disperso de Norte a Sul de Portugal enquanto, no eucalipto, os milhares de hectares existentes provêm exclusivamente de plantações.
- O eucalipto regenera naturalmente? A resposta é sim, claro que regenera naturalmente como todas as espécies florestais o fazem.
- Essa regeneração tem carácter invasor e elevada capacidade de sobrevivência? Aqui a resposta é NÃO!
As principais razões pelas quais a propagação seminal do eucalipto não permite a colonização extensiva de territórios adjacentes a povoamentos de eucalipto, contrariamente a outras espécies, como por exemplo o pinheiro-bravo, são, segundo a indicação da UNAC:
- a semente do eucalipto não tem mecanismos de dispersão eólica, pelo que o raio da sua dispersão relativamente à árvore progenitora é muito limitado – apenas em encostas de forte declive essa dispersão poderá ter alguma extensão;
- o vigor vegetativo das plantas resultantes da propagação seminal não é elevado, sendo muito inferior ao das plantas obtidas por propagação vegetativa em viveiro, o que as torna bastante mais susceptíveis às eventuais adversidades ecológicas da estação;
- as jovens plantas resultantes da propagação seminal entram muito rapidamente em forte competição e, dado o carácter extremamente intolerante da espécie, os indivíduos dominados são eliminados muito
precocemente – os que sobrevivem são eles próprios dominados pela vegetação arbórea existente, seja ela da mesma espécie ou de outra.
“Considerando o valor económico da espécie, caso existissem situações de regeneração natural bem conseguida do eucalipto, faria sentido para os proprietários florestais o seu aproveitamento e a condução e exploração desses povoamentos – como se faz com outras espécies, como o pinheiro bravo, o pinheiro manso ou o sobreiro. Áreas ardidas em localizações propícias a este fenómeno não faltam anualmente em Portugal, infelizmente. Nunca isto no entanto aconteceu no passado de forma generalizada, porque essa regeneração natural ocorre em áreas limitadas, com características muito particulares e baixo potencial de crescimento”.