Foi no âmbito de um workshop sobre a potencialidade dos CCS (Carbone, Capture and Storage), que decorreu no âmbito da Green Business Week, que juntou algumas das indústrias intensivas ao nível de consumo de energia em Portugal que Frederico Pisco, da área da energia, corporate e projectos industriais estratégicos do grupo Portucel/Soporcel, abordou as suas dúvidas relativamente ao CCS (Carbone, Capture and Storage) e deu conta que a indústria da pasta e do papel da Europa já tem em marcha alguns caminhos ao nível da utilização do CO2.
Para o responsável, em relação à aplicação do CCS na indústria da pasta e do papel, quando se fala nas emissões negativas de CO2 “parece-me que estamos num conceito um pouco exotérico quando ainda nem implementámos este sistema e já se está a querer abordar as emissões negativas do mesmo”. O responsável entende que se tenha de perspectivar tudo, “mas como funciona isto das emissões negativas? Basicamente é aplicar o CCS aquilo que é bioenergia, sejam centrais termoeléctricas de biomassa, sejam fábricas de pasta que recorrem à biomassa, se do ponto de vista a emissão seria neutra quando injectarmos o CO2 numa estrutura geológica passamos a entrar numa emissão negativa… Isto levanta-me algumas questões que sou forçado a debater”. Para o responsável a questão à cabeça é a quantidade necessária de recursos para se fazer a transição para emissões negativas. “Hoje em dia represento uma indústria de alto valor acrescentado que já tem de importar uma grande quantidade de matéria-prima. Temos recursos suficientes para fazer uma transição desta natureza à escala mundial? Também se tem de abordar a sustentabilidade desta biomassa. Às tantas estou a fazer emissões negativas em Portugal e a cultivar biomassa na Indonésia… A questão das emissões negativas tem um caminho para percorrer, nomeadamente até em mecanismos de contabilização e tecnologia”, indica o responsável. Frederico Pisco ainda acrescentou que há questões como custos, incentivos, a própria necessidade de projectos-piloto na área dos CCS para que esta matéria seja uma solução efectiva.
No entanto, para o interlocutor, “o CCS acaba por ser uma inevitabilidade industrial nas indústrias de onde resulta CO2 derivando da sua actividade, é aí que está a surgir o seu foco”.
Voltando ao grupo Soporcel/Portucel, o responsável indicou então que “relativamente à utilização do CO2, aqui sim, quero dar uma boa notícia. A indústria da pasta e do papel está a fazer um caminho de há alguns anos, ainda com um impacto se calhar limitado, na medida em que hoje em dia nas nossas fábricas, o que fazemos é aproveitar o CO2 dos gases de exaustão dos fornos de cal, necessárias para o processo de recuperação integrado de químicos, que são ricos em CO2”. Ou seja, “hoje em dia recuperamo-los e encaminhamo-los para uma fábrica de precipitado de cálcio que incorpora esse CO2. Esse precipitado de cálcio é uma estrutura mineral que é introduzido no próprio papel. Temos aqui claramente um exemplo prático de uma indústria que está a utilizar CO2 no seu produto”.Por Pedro Chenrim
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