Em declarações à Lusa, o investigador Hugo Sampaio, da Sociedade Portuguesa para Estudos das Aves (SPEA), afirma que há quatro espécies de aves endémicas em São Tomé e Príncipe que "estão no limiar de extinção". O investigador da SPEA trabalha actualmente num projecto para evitar o desaparecimento definitivo da Galinhola, que "só existe em São Tome e em nenhuma outra parte do mundo", o Anjolô, o Picanço e o Tordo do Príncipe, que também só existe naquela ilha. "Estas quatro espécies estão na categoria do mais alto perigo de extinção. São populações pequenas e o seu habitat é só no Obô (floresta densa)", disse Hugo Sampaio apontando como principais razões da extinção destes animais a "desflorestação para aproveitamento agrícola" e os "predadores", já que "os seus habitats já são reduzidos, porque são ilhas pequenas, mas havia muito mais florestas primárias, tanto em São Tomé, como em Príncipe. Depois de o homem ter reduzido ainda mais o seu habitat com a desflorestação para a introdução de algumas culturas, esses pássaros correm sério risco de desaparecer". Como principais predadores destas espécies, Hugo Sampaio destaca os ratos, gatos, macaco e cobras pretas" que se "alimentam das aves e dos seus ovos". Actualmente, a SPEA está focada nas três espécies de São Tomé e irá deslocar-se para Príncipe durante os meses de Verão para trabalhar sobre a quarta espécie – o Tordo. "Começámos a trabalhar em São Tomé em 2013, e havia aquele problema da desflorestação pela Agripalma (projecto de plantação de palmeiral para produção de óleo de palma) e com isso havia mais urgência em permanecer aqui para tentar evitar que houvesse a desflorestação toda", acrescentou. Também os caçadores são outro problema para a extinção destas espécies. "Normalmente são os caçadores de porcos selvagens que matam as galinholas. Elas vivem muito para o interior das florestas e os porcos também estão a ficar cada vez mais escassos. Dá-se o caso de muitas vezes os caçadores penetrarem nas florestas e não encontrarem porcos. E para não regressarem de mãos vazias, caçam algumas galinholas para comerem", explicou Hugo Sampaio. A galinhola é a espécie mais ameaçada da ilha e, segundo a sociedade portuguesa, a sua população estima é de 50 a 250 membros. Ainda segundo a SPEA, há pelo menos 28 espécies que só existem naquelas ilhas. A SPEA pretende implementar um "projecto de conservação directa" em São Tomé e Príncipe criando um plano de gestão nos parques naturais das duas ilhas com guardas, vigilantes e monitorização das espécies.
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