A EDP tem uma “estratégia clara de diversificação nos EUA”, estando a investir no solar e a preparar-se para desenvolver eólica ‘offshore’ (no mar), e ainda este ano começa a vender eletricidade ao consumidor final no estado do Texas. “Os EUA têm sido o nosso principal motor de crescimento e vão continuar a sê-lo”, afirmou o presidente executivo da EDP, António Mexia, em entrevista à Lusa, em Washington, onde participou International Electricity Summit, realçando que a administração de Donald Trump decidiu manter as políticas para as renováveis o que “permite hoje olhar até ao final da década e mesmo até ao início da década seguinte com enorme serenidade em relação aos EUA”.
Depois do investimento em centrais eólicas, contando atualmente com 45 parques eólicos, a EDP Renováveis – subsidiária da EDP – está a apostar no solar, primeiro na Califórnia e a agora no Indiana, previsto para 2022, e quer desenvolver projetos eólicos ‘offshore’ na costa leste, em águas pouco profundas, e na costa oeste, onde as águas são mais profundas, a tecnologia eólica flutuante ‘Windfloat’ que foi testada em Portugal e que está em fase pré-comercial.
Entretanto, ainda em 2018, a EDP vai dar início à comercialização de energia no estado do Texas: “Vamos começar no mercado ‘business to business’ [segmento empresarial] e ‘business to consumer’ [segmento residencial] ainda em 2018″, transformando-se assim no quarto mercado onde e elétrica comercializa energia (depois de Portugal, Espanha e Brasil).
“As condições estruturais do mercado das renováveis nos Estados Unidos é muito sólido. Os EUA têm uma coisa que gosto particularmente que é o facto de o passado não ser incerto, ou seja, quando as regras mudam, mudam para o futuro. Não se põe em causa regras que existiam, o que é muito importante para qualquer setor, mas essencialmente para os de capital intensivo, como o da energia e das infraestruturas”, acrescentou.
Sobre as outras condicionantes favoráveis ao investimento nos EUA, António Mexia realçou que 29 estados norte-americanos têm ‘Renewable Portfolio Standards’ (RPS), isto é, metas de energia limpa que têm que cumprir, sendo penalizados os que não cumprirem esses objetivos de energia limpa.
Depois há ainda apoios fiscais à produção eólica (PTCs – Production Tax Credits), que vão desaparecer até 2021, e incentivos fiscais ao investimento em energia solar (ITCs – Investment Tax Credits), que se traduzem em cerca de 30% do investimento inicial.
No caso da produção eólica, os EUA beneficiam ainda de fatores de utilização (‘load factor’) “muito maiores, em média, do que a Europa”: “Falamos tipicamente de 35, 40 ou mais de 40%, quando na Europa falar de 25% já é muito”, acrescentou.
Neste momento, a EDP Renováveis está a construir a sexta fase do Meadow Lake Wind Farm, no noroeste do estado do Indiana, com 200 Megawatts (MW) de capacidade instalada, o que elevará a capacidade deste parque eólico para 1.000 MW de potência e fará dele o maior do grupo.
“Aquele parque que vimos [Meadow Lake Wind Farm] vai atingir [no final deste ano] 1.000 MW que é quase tanto como temos em Portugal [1.100MW]. O que vemos é essa discussão permanente sobre o futuro, sobre o que vai funcionar, mas não se põe em causa nunca o sistema”, acrescentou.
António Mexia adiantou que o parque, que se estende ao longo de 250 quilómetros quadrados de campos agrícolas (a sua maioria alugadas aos agricultores), será “o maior projeto da EDP nos EUA e no mundo”.
Entretanto, a EDP Renováveis já fechou contratos para a venda da energia que será produzida na nova extensão do parque, suficiente para abastecer 52.000 famílias.