O secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, Luís Medeiros Vieira, quantificou ontem em 15 o número de produções agrícolas destruídas pelo vento extremo que atingiu no domingo o Algarve, durante uma visita à zona afetada, em Olhão, avançou a Lusa.
“Demos instruções à Direção Regional de Agricultura do Algarve, que no terreno colocou três equipas para começar a fazer o levantamento, e até agora já foram sinalizadas 15 explorações com problemas, pomares arrancados e destruição de equipamentos e instalações, e até final desta semana irão estar mais equipas no terreno para fazer o levantamento total dos prejuízos”, afirmou o governante. Luís Medeiros Vieira falou aos jornalistas durante a visita a uma exploração de um hectare de framboesas localizada em Pechão, no concelho de Olhão, que ficou “totalmente destruída”, sendo visíveis todas a estruturas de ferro das estufas retorcidas e os plásticos e plantas danificados, a pouco tempo do início da colheita.
O secretário de Estado adiantou que as explorações afetadas terão acesso a apoios para reposição do potencial produtivo, que o Governo “já disponibilizou quando ocorreram também os incêndios” do verão passado. “É uma medida que está no programa de desenvolvimento rural 2020 e que permite apoiar os agricultores que tiveram problemas, nomeadamente com danificação de culturas plurianuais, como destruição de equipamentos e instalações, e os apoios são direcionados a fundo perdido para esses produtores”, precisou.
A mesma fonte quantificou os níveis de acesso às verbas por parte dos produtores agrícolas, revelando que “até cinco mil euros [haverá] um apoio de 100% a fundo perdido, de 5.000 até 50.000 de 85% a fundo perdido e acima de 50 mil euros até 800 mil euros de 50% a fundo perdido”, podendo estes apoios ser “cumulativos”. “Vamos agora fazer o apuramento até final da semana, até aí estamos a trabalhar na portaria que vai fazer esse enquadramento e depois temos que ver, nestes concelhos, quais foram as freguesias exatas onde houve estes danos e quais foram as produções afetadas”, acrescentou, referindo-se aos municípios afetados, nomeadamente Olhão, Faro, Tavira, Castro Marim e Vila Real de Santo António.
O governante considerou que estes apoios anunciados são “extremamente significativos” e que se trata de uma “ajuda significativa que certamente vai de encontro às preocupações dos agricultores” atingidos.
Eduardo Ângelo, que também pertence à Uniprofrutal, organização de produtores do Algarve, foi o primeiro proprietário com danos na sua exploração a ser visitado pelo secretario de Estado da Agricultura, em Olhão, e reconheceu que todas as estufas montadas num hectare de terreno estão perdidas.
“Os plásticos e toda a estrutura será para tirar, vender a peso, as plantas estão também perdidas. Enfim, está tudo perdido, seja a produção, seja a parte de estruturas. Terá que se limpar, ver se se aproveita alguma coisa, mas será uma coisa mínima”, lamentou. Questionado sobre o valor dos danos, a mesma fonte respondeu que “ainda não houve tranquilidade de espírito para fazer contas”, apenas foram “repostos alguns plásticos aqui e ali para evitar mais danos nos equipamentos e estruturas”, mas afirmou que são “prejuízos grandes” e atingem “largas dezenas de milhar de euros”.
*Foto de Reuters