Portugal foi em 2016 o sétimo entre os 28 Estados membros da União Europeia com a maior quota de energias renováveis no consumo energético, surgindo a Suécia na liderança e o Luxemburgo em último lugar, revela esta segunda-feira, dia 18, um estudo, noticia a agência Lusa.
Elaborado pela Agência Europeia do Ambiente (AEA ou EEA, do inglês European Environment Agency), o relatório de 2017 sobre a utilização de energias renováveis na Europa destaca a Suécia, Finlândia, Letónia, Áustria e Dinamarca como os países com níveis mais elevados de utilização de fontes renováveis, apresentando valores acima dos 30%, enquanto o Luxemburgo, Holanda, Malta e Reino Unido ocupam os últimos lugares, com quotas abaixo dos 9%.
Segundo as estimativas da EEA para 2016, Portugal surge na sétima posição, com uma quota ligeiramente abaixo dos 30%, depois da Croácia e ao mesmo nível da Estónia.
O documento “confirma que a União Europeia [UE] e a maioria dos Estados continuam em linha com os respetivos objetivos [de utilização de fontes de energia renováveis], embora o ritmo de progresso europeu tenha abrandado nos últimos dois anos”.
“O relatório confirma que a UE continua no caminho certo para atingir a meta de 20% de utilização de fontes de energia renováveis em 2020, apesar de o ritmo de crescimento destas fontes energéticas ter abrandado recentemente”, lê-se no sumário executivo.
Segundo o documento, o crescente peso das renováveis desde 2005 “resultou numa diminuição de cerca de um décimo do consumo europeu de combustíveis fósseis e das emissões associadas de gases de efeito de estufa”, face a um cenário em que as fontes renováveis se mantivessem nos níveis de 2005.
Segundo os dados agora avançados pela EEA, a quota das renováveis no consumo final de energia na UE aumentou de 16,1% em 2014 para 16,7% em 2015, estimando-se que se tenha fixado nos 16,9% em 2016.
“Entre 2005 e 2014, a quota de fontes renováveis de energia aumentou, em média, 6,7% ao ano. Contudo, esta taxa de crescimento abrandou ligeiramente para 6,4% em 2015 e para 5,9% em 2016”, refere.
De acordo com as estimativas da agência europeia, as renováveis foram responsáveis por 86% do total da nova capacidade de geração de energia instalada em 2016, assumindo-se hoje a UE como “um líder global em termos de capacidade energética renovável ‘per capita’, tendo na última década ultrapassado o resto do mundo na transformação do seu sistema energético”.
Segundo o relatório, o carvão foi o combustível mais substituído por fontes energéticas renováveis na Europa, sendo responsável por cerca de metade dos combustíveis fósseis e emissões de efeito de estufa evitados. O gás natural foi o segundo combustível mais substituído por renováveis, respondendo por cerca de 30% dos combustíveis fósseis substituídos.
O documento nota ainda que a transição para as fontes renováveis permitiu melhorar a eficiência do sistema de transformação de energia na UE, o que se traduziu numa redução de 2% do consumo primário de energia.
O setor do aquecimento/refrigeração continuou a ser o que mais recorreu a fontes renováveis, seguido da geração de eletricidade. Já no setor europeu dos transportes, as energias renováveis representaram apenas 7% da energia total utilizada em 2015 e 2016, sendo que maior quota de renováveis neste setor pertence aos biocombustíveis.
Do relatório resulta ainda que a quota de empregos ‘per capita’ no setor das energias renováveis na UE foi a quarta maior do mundo em 2016, depois do Brasil, Japão e EUA, com as indústrias do segmento eólico, solar e de biomassa a destacarem-se como os maiores empregadores.
A EEA nota, contudo, que nos últimos cinco anos se assistiu à perda de empregos na indústria solar e eólica, devido à crescente competitividade de outros produtores como a China.
Relativamente ao desempenho nacional no setor das renováveis, o relatório aponta Portugal como um dos únicos quatro países europeus onde a quota de eletricidade obtida a partir de fontes renováveis representou em 2015 mais de metade do consumo total de renováveis (a par da Irlanda, Espanha e Reino Unido). Na UE, cerca de 29% da eletricidade consumida em 2015 proveio de fontes renováveis.
Portugal é ainda referido como um dos nove países da UE que em 2015 registaram, em termos relativos, “reduções significativas das emissões de gases com efeito de estufa” (de 10% ou mais do total das emissões nacionais desde 2005), assim como um dos três países que obtiveram o maior impacto estatístico das energias renováveis na diminuição do consumo primário de energia (-6%, apenas superado pela Dinamarca, com -11%, e seguido da Grécia, com -4%).