O reconhecimento da necessidade de enfrentar dois desafios globais relevantes na região do Mediterrâneo – as Alterações Climáticas e a Migração – através de uma abordagem sustentável à política energética como chave do sucesso da forma como a nossa sociedade lida com ambos os problemas, é uma das principais conclusões aprovadas pelos participantes na 5ª Conferência Internacional sobre a “Transição Energética: Alterações climáticas e migrações no Mediterrâneo. O papel da transição energética”, uma iniciativa promovida pela ADENE – Agência para a Energia, enquanto membro da Rede das Agências Nacionais de Energia do Mediterrâneo (MEDENER) e que decorreu hoje em Lisboa, reunindo especialistas nacionais e internacionais da área da energia.
Esta Conferência, que contou com a presença de Dario Chello, presidente da Rede MEDENER, Anne-Charlotte Bournoville, responsável pela Unidade de Relações Internacionais e Alargamento da DG Energia da Comissão Europeia e Cristina Cattaneo da Fundação Eni Enrico Mattei, de Itália, que falou sobre o tema das migrações climáticas, incluiu nas suas conclusões a necessidade de a Transição Energética se constituir como uma poderosa abordagem aplicável às Alterações Climáticas e à Migração, usando as Energias Renováveis e a Eficiência Energética como instrumentos para assegurar a segurança no fornecimento energético, a mitigação dos efeitos das alterações climáticas, o crescimento económico e a criação de empregos na região, contribuindo ao mesmo tempo para a redução dos fluxos migratórios.
Os conferencistas sublinharam, também, a necessidade de estabelecer políticas de parceria com países do Sul do Mediterrâneo e de África capazes de envolver estes países em projetos concretos, aconselhando a que seja abandonado o princípio de que apenas os países que beneficiam da cooperação devem adotar as melhores práticas do setor.
Da Conferência saiu ainda a recomendação de que, tendo em conta a disponibilidade de novas tecnologias de informação e comunicação, assim como as significativas melhorias nos componentes e sistemas eletrónicos, se deve agora apostar em alternativas com valores competitivos para desenhar e implementar sistemas energéticos e elétricos para uma melhor integração de energia renovável no mix energético através de um elevado número de produtores/consumidores no território, nomeadamente nas cidades de média e grande dimensão.
Finalmente os especialistas reunidos em Lisboa reafirmaram a necessidade de ver as três plataformas temáticas de União para o Mediterraneo trabalharem em conjunto e em estreita colaboração, de forma a permitir soluções tecnológicas com uma competitiva relação custo/eficiência dentro de um adequado enquadramento legislativo e regulamentar.
Recorde-se que este evento, organizado no quadro da presidência italiana do MEDENER, poucos dias após a COP 23 (Conferência das Partes sobre Alterações Climáticas organizada pela ONU), realizada em Bona, na Alemanha, teve como objetivo promover a discussão e a reflexão sobre o contributo da transição energética para enfrentar as alterações climáticas e as migrações na Bacia do Mediterrâneo. Em particular, o papel da cooperação regional nas áreas das energias renováveis e da eficiência energética, para a segurança do abastecimento energético, a sustentabilidade e o crescimento inclusivo da região, através da criação de emprego e da redução dos fluxos migratórios.