Os critérios Ambiente, Social e Governança (ASG) são um dos fatores que os investidores cada vez mais têm em conta na hora de decidir o que fazer com o seu dinheiro. 92% dos investidores portugueses está interessado nos temas relacionados com a sustentabilidade (em termos de género, estamos a falar de 91% dos homens e 92% das mulheres inquiridos), sendo que 87% dos inquiridos assume que investiria provavelmente/definitivamente em fundos com objetivos de desenvolvimento sustentável.
Estas são algumas das conclusões que se retiram de um relatório encomendado pela gestora Allianz Global Investors, para tentar perceber se os clientes do retalho europeus estão dispostos ou não a investir em produtos relacionados com a sustentabilidade e, nesse caso, quais os tipos de investimentos orientados para esses objetivos preferidos.
Entre os resultados deste estudo inédito da Allianz GI, destaca-se ainda que praticamente 2/3 dos inquiridos em Portugal (64%) espera que o investimento sustentável tenha um impacto positivo na rentabilidade. Essa posição é independente do género, já que tanto homens como mulheres a consideram da mesma maneira e que apenas 10% dos homens e 5% das mulheres são cépticos no que toca a esses impactos. Já em termos etários, é nas pessoas com mais de 50 anos que o cepticismo quanto ao real impacto da sustentabilidade na rentabilidade aumenta, resultado partilhado por 34% de respondentes.
Além da expetativa de rentabilidade, na hora de escolher produtos de investimento sustentáveis 30% dos investidores portugueses espera que as empresas melhorem as suas políticas nesse campo e 27% acredita que o seu dinheiro ajuda realmente a mudar o mundo.
Quanto aos diferentes aspetos da sustentabilidade, a água limpa (99%), a saúde (99%), a educação (98%) e os salários justos (98%) são as áreas que mais interessam aos investidores portugueses, seguidas da luta contra a corrupção (97%), dos direitos humanos e sociais (97%) e o combate às alterações climáticas (97%). Embora também muito importantes, as questões da diversidade e da habitação social são os aspetos menos valorizados.
Outra das intenções do estudo da Allianz Global Investors passou por perceber de que forma os consultores financeiros estão a responder às preferências dos seus clientes por investimentos socialmente responsáveis (SRI). A esse nível, adianta-se que 41% dos inquiridos em Portugal admitiu não possuir um consultor financeiro e, entre os que afirmam tê-lo, 39% afirmou nunca ter discutido investimentos sustentáveis com o respetivo consultor. Sublinha-se ainda que 51% dos investidores pertencentes à faixa etária mais nova não tem um consultor financeiro.
Para Isabel Reuss, diretora global de análise ISR de Allianz Global Investors, “há já algum tempo que está a germinar um interesse forte e crescente por investimentos sustentáveis na Europa e, mais especificamente, em Portugal, Itália e Espanha. Existem diferentes opções de investimento nesse campo para atender aos interesses dos diversos segmentos de clientes e a maioria dos clientes não associa investimentos sustentáveis a rendimentos mais baixos. Apesar disso, há ainda muito a ser feito nesta área e os consultores financeiros têm em geral ainda alguma relutância em recomendar este tipo de produtos”.
O estudo, coordenado pela consultora Nielsen, foi realizado no final de 2018. Além da Portugal, a pesquisa foi realizada em outros nove países europeus (Bélgica, Espanha, França, Alemanha, Itália, Holanda, Suécia, Suíça e Reino Unido), contando com uma amostra de 1.000 participantes em cada um deles.