Águas do Ribatejo: Um exemplo do que os municípios unidos podem fazer pelo país
Solidariedade, União e Coesão são palavras-chave no sucesso da empresa municipal Águas do Ribatejo (AR), entidade gestora do abastecimento de água e saneamento nos concelhos de Almeirim, Alpiarça, Benavente, Chamusca, Coruche, Salvaterra de Magos e Torres Novas. Os 150 mil consumidores, 75 mil clientes, vivem num território disperso de mais de 3240 km 2 que vai do Porto Alto, no município de Benavente, a Assentiz, na fronteira do concelho de Torres Novas com Tomar.
O município torrejano foi o último a integrar a AR e representou um crescimento significativo da empresa em todos os indicadores.
As distâncias territoriais e ideológicas foram vencidas com as pontes e as sinergias criadas entre os municípios representados por autarcas de várias forças partidárias. “Colocámos o interesse superior das populações e dos consumidores acima de tudo. Só com uma enorme solidariedade entre todos foi possível gerar esta coesão que nos possibilitou investir mais de 115 milhões de euros nas obras de construção e requalificação nos sistemas de abastecimento e saneamento. Nem sempre estivemos de acordo, mas conseguimos consenso e unanimidade em todas as decisões”, refere Francisco Oliveira, presidente do Conselho de Administração da Águas do Ribatejo em representação do Município de Coruche que lidera desde 2013.
Todos os sete presidentes que integram os órgãos sociais da empresa reconhecem que delegar a gestão da água e saneamento numa entidade intermunicipal, onde os municípios são os únicos acionistas, foi a melhor opção.
“Os municípios abdicaram duma receita interessante, mas nunca seria possível fazer as intervenções que se revelavam inadiáveis em todos os concelhos e alguns sistemas corriam riscos de colapso. Para nós, e creio para todos, foi a melhor decisão que podíamos tomar”, realça Pedro Ferreira, presidente da Câmara Municipal de Torres Novas (acionista maioritário), e vogal do conselho de administração.
Torres Novas será o município que receberá o grosso do investimento a realizar em 2016 e 2017, serão mais de 13 Milhões de Euros, tanto como já foi investido nos últimos dois anos no concelho. O estudo aponta para mais de 30 ME de investimentos só para o município torrejano.
Concluídos os investimentos traduzidos em 46 ETAR, 306 Km de rede saneamento; 67 reservatórios, 18 estações de tratamento de água e 267 km de rede de abastecimento, a aposta é no reforço da qualidade e segurança dos sistemas.
Uma das prioridades é a redução das perdas de água que em 2009 eram de 53%. Hoje estão nos 32%, mas o objetivo é atingir 20% em 2020.
A instalação de 30 mil novos contadores, o reforço do combate aos furtos de água e fraudes e a melhoria dos processos de purga das redes são alguns dos procedimentos para reduzir a quantidade de água tratada que não é faturada. “Há um prejuízo material, mas tão ou mais importante é o prejuízo ambiental. Não podemos continuar a tratar água, com todos os custos (financeiros e ambientais), para desperdiçarmos”, explica Francisco Oliveira.
O autarca partilha a administração da empresa municipal com os presidentes de Benavente, Carlos Coutinho e Torres Novas, Pedro Ferreira. “Nenhum de nós aufere qualquer remuneração pela disponibilidade incondicional para servir este projeto”, faz questão de vincar o líder da AR.
O Modelo de Gestão implementado sob a Direção do Engenheiro José António Moura de Campos, tem cativado autarcas, gestores e até os representantes do Ministério do Ambiente.
O Secretário de Estado Carlos Martins anunciou a criação de um conjunto de entidades gestoras semelhantes à AR que irão envolver mais de 50 municípios em várias regiões do país. “É um modelo que está testado com sucesso, por isso temos levado este exemplo na abordagem que fizemos com cerca de 300 municípios”, disse.
Carlos Coutinho, vogal do Conselho de Administração da AR e Presidente da Câmara de Benavente, refere a AR como um projeto sustentável sem onerar os clientes e com uma responsabilidade social bem vincada.
A AR apresenta um dos tarifários mais económicos do país e tem um tarifário social para clientes com agregados familiares de baixos rendimentos e outro para famílias numerosas. “Queremos preservar e aumentar esta sensibilidade social, garantindo que todos pagam um valor justo”, sublinha.
Nos primeiros sete anos de atividade da empresa, a AR apresentou sempre um crescimento nos resultados e uma melhoria nos indicadores. “ Este desempenho foi conseguido à conta de um enorme esforço dos 170 colaboradores.”, realça o Presidente Francisco Oliveira que é um defensor do lema da empresa “Juntos, Estamos a Construir o Futuro!”.