Em Janeiro do ano passado, a Mata do Buçaco passou por um temporal que destruiu grande parte do seu património natural. A recuperação, actualmente em curso não teria sido possível sem a ajuda da BP, uma vez que a Fundação vive apenas das visitas de turistas e dos serviços que presta. A gasolineira, que já há dez anos revela uma preocupação ambiental e uma responsabilidade social apurada, doou 7500 litros de combustível à Fundação Mata do Buçaco para uso em equipamentos florestais. Em entrevista à Ambiente Magazine, Luís Roberto, Director de Comunicação e Relações Institucionais da BP Portugal, e Fernando Correia, Presidente da Fundação Mata do Buçaco, explicaram como se deu esta parceria e o quão importante é a ajuda dos privados na manutenção das matas portuguesas. Como e quando é que a BP Portugal despertou para esta área da responsabilidade social? Luís Roberto: Ciente da importância de desenvolver uma actividade sustentável, há muito que a BP Portugal assumiu que o conceito de Responsabilidade Social só faz sentido quando integrado numa lógica de cidadania empresarial, onde o desenvolvimento social sustentável passa pela participação activa da empresa e dos seus colaboradores na melhoria das condições de vida da comunidade. O nosso foco está estrategicamente dirigido para as três áreas que consideramos fundamentais para o desenvolvimento dos nossos valores, que são a Educação e Prevenção, o Ambiente e Energia e o Empreendedorismo, e é enquadrada por estes eixos que a BP apoia e desenvolve os seus projetos de Responsabilidade Social. Como contactaram com a realidade da Mata do Buçaco? LR: Estando a BP presente em todo o País através da sua rede de postos de abastecimento, Concessionários e Agentes, a empresa rapidamente tomou conhecimento do temporal e da dimensão da destruição da Mata do Buçaco. Sendo o Ambiente e Energia um dos eixos que a BP valoriza e tendo no seu percurso na área de Responsabilidade Social e Corporativa várias parcerias com este alinhamento, foi natural a parceria com a Fundação Mata do Buçaco. Como surgiu então esta parceria? Fernando Correia: O temporal de 19 de janeiro do ano passado conduziu à destruição de um vasto património natural e construído que confere identidade à Mata Nacional do Buçaco. Para além da queda de várias dezenas de árvores centenárias, devido ao seu porte e fragilidade que a sua avançada idade impõe, também o património edificado (Passos e Capelas que compõem uma Via Sacra única no Mundo, bem como algumas ermidas) foi severamente afectado. Os acessos principais à Mata do Buçaco, como consequência imediata, ficaram completamente obstruídos, tal como muitos dos trilhos e dois caminhos pedestres no interior da Mata – um cenário dramático e desolador. Mais recentemente, dia 9 de Fevereiro de 2014, se bem que numa escala de menor dimensão observou-se uma réplica desse funesto acontecimento, graças à passagem da tempestade “Stephanie” pelo território continental de Portugal. Ora tudo isto nos alerta para a imprevisibilidade deste tipo de acontecimentos naturais, para os quais somos impotentes. Após esta intempérie de 2013, foram muitas as instituições e particulares que se disponibilizaram para ajudar a Mata do Buçaco, tal como os agentes políticos quer a nível local, quer a nível nacional. Neste sentido, o Deputado Mealhadense, Bruno Coimbra, eleito pelo PSD por Aveiro, encetou alguns contactos para que fosse possível, de alguma forma ajudar na recuperação da Mata do Buçaco. De salientar que o Deputado Bruno Coimbra se disponibilizou de imediato para angariar parceiros que auxiliassem na recuperação da Mata, tendo desta forma conseguido chegar à BP. A parceria passa pela oferta de 7.500 litros de combustível para uso em equipamentos florestais. E que mais? LR: A doação de 7.500 litros de combustível à Fundação da Mata do Buçaco para utilização em equipamentos florestais vai permitir, para já, assegurar que a recuperação, requalificação, revitalização, gestão, exploração e conservação de todo o património, natural e edificado, da Mata Nacional do Buçaco tem continuidade. FC: Com este apoio da BP será possível continuar os trabalhos previstos para a recuperação da Mata ao nível da limpeza florestal das áreas afectadas. Será uma mais–valia já que, neste momento, a Fundação Mata do Buçaco não tem disponibilidade financeira para que sozinha proceda à recuperação do património da Mata, com a celeridade exigível e/ou desejável. Convém relembrar que esta instituição que gere este espaço e património só consegue financiar-se segundo receitas obtidas através da prestação dos serviços e da visitação dos turistas. O mecenato em espécie ou em donativos, em numerário são outros dos recursos que temos à nossa disposição e, por isso, contamos com a sensibilidade das pessoas, entidades e empresas para a co–responsabilidade de proteger, recuperar e valorizar este património único, que é de todos nós. Quais os projectos de recuperação que estão a implementar? FC: Neste momento, a Fundação Mata do Buçaco está a replantar zonas bastante afectadas pelo temporal e continuamos a realizar as limpezas necessárias, não só nos acessos e caminhos, como também no interior da Mata propriamente dita. Paralelamente, estamos a desenvolver vários esforços, criando parcerias estratégicas com vários centros de investigação universitária para perceber melhor onde e como intervir, para quando estiverem reunidos as condições para a recuperação do património edificado se avançar de forma decidida. A BP deseja dar continuidade a este vínculo? De que forma? LR: À semelhança de todas as parcerias que a BP Portugal tem estabelecido e mantido ao longo dos anos, também esta será objecto de avaliação contínua no sentido de identificar novas formas de cooperação entre as duas entidades, sobretudo se as necessidades sentidas pela Fundação forem ao encontro do apoio que a BP Portugal pode conceder no âmbito daquela que é a sua actividade principal. Que outras parcerias tem a BP vindo a implementar nesta área? LR: A BP Portugal está envolvida em vários projectos na área do Ambiente e da Energia, através de um conjunto de protocolos e parcerias que visam directamente a preservação do meio ambiente, mas também a sensibilização da sociedade para esta necessidade. Como o Courseware Sere – “O Ser Humano e os Recursos Naturais” implementado em conjunto com a Universidade de Aveiro e a Ludomedia, ou a reflorestação na Serra da Lousã, com a Fundação Floresta Unida, ou o movimento Eco, um movimento da sociedade civil, que nasceu com o propósito de congregar vontades políticas, empresariais e sociais na prevenção e combate dos incêndios florestais. O que é que ainda falta fazer nesta área para a BP? LR: O fim último de todas as nossas acções de Responsabilidade Social é o de melhorar a qualidade de vida das populações e dotá-las das ferramentas necessárias para fazer frente aos mais diversos tipos de desafios, seja ao nível da formação ou da sensibilização. Enquanto a comunidade precisar de nós, a BP não irá ficar indiferente aos apelos.
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