Um estudo da Deloitte, oCxO Sustainability 2023, mostra que os líderes executivos C-Level (CxOs) consideram que a mudança climática deverá ser uma prioridade para as organizações, mesmo perante o contexto mundial de incerteza. Quando desafiados a listar as preocupações mais prementes nas suas organizações, a larga maioria dos CxOs classificaram a mudança climática como um dos três principais desafios, à frente de temas como a inovação, talento e dificuldades na cadeia de abastecimento.
No inquérito realizado junto de mais de 2000 CxOs em 24 países, 75% dos inquiridos revelaram que as suas organizações aumentaram os investimentos na área da sustentabilidade no ano passado, com 20% a afirmar que o fizeram de forma significativa.
Afonso Arnaldo, Partner e Sustainability and Climate practice leader da Deloitte, refere que “apesar dos desafios complexos que os líderes das empresas enfrentaram no último ano, como a incerteza económica, conflito geopolítico ou interrupções na cadeia de logística, as alterações climáticas surgem como preocupação principal. Perante estas conclusões, os líderes mundiais devem unir esforços para, coletivamente, gerar um impacto positivo e mensurável para a sustentabilidade do planeta. Este caminho exige um esforço adicional para cumprir as metas já definidas, mas permitirá garantir uma transição justa em prol do futuro do planeta”.
Quase todos os CxOs entrevistados afirmaram que a sua organização sentiu de alguma forma o impacto das alterações climáticas no ano passado. Os CxOs relatam a escassez e custo acrescido dos recursos como o principal problema que afeta as organizações (46%), enquanto 45% dos inquiridos destacaram uma mudança nos padrões e preferências de consumo associada às mudanças climáticas. Por outro lado, 43% apontaram a regulamentação das emissões como outro dos principais problemas que afetam as empresas. Adicionalmente, cerca de um terço dos executivos afirmou que as questões climáticas estão a afetar negativamente a saúde física (37%) e mental (32%) dos colaboradores.
Além do impacto nos negócios e relação com stakeholders, 82% disseram ter sido pessoalmente afetados por eventos climáticos no ano passado, sendo o calor extremo o problema mais citado. Do total dos inquiridos, 62% confessaram sentirem-se preocupados com as mudanças climáticas sempre ou na maior parte do tempo.
Apesar das preocupações reveladas no estudo, 78% dos líderes estão otimistas de que a sociedade irá tomar as medidas necessárias para evitar os piores efeitos das alterações climáticas e 84% concordam que as metas climáticas podem ser atingidas ao mesmo tempo que se mantém um crescimento económico global sustentado.
O estudo da Deloitte mostra que as organizações se sentem cada vez mais pressionadas pelos stakeholders para serem verdadeiros agentes de mudança no tema das alterações climáticas. 68% dos CxOs disseram sentir-se muito ou moderadamente pressionados por parte de membros do conselho de administração, reguladores e governo e consumidores e clientes. Paralelamente, as organizações estão gradualmente a sentir uma pressão crescente por parte dos acionistas e investidores (66%), funcionários (64%) e sociedade civil (64%).
A regulação tem também tido um impacto crescente: 65% dos CxOs dizem que as alterações aos quadros regulatórios levou a um aumento das ações climáticas em 2022.
À semelhança da última edição do estudo, os CxOs elegeram o reconhecimento e a reputação de marca, a satisfação do cliente e o bem-estar dos colaboradores como três dos principais benefícios dos investimentos na área da sustentabilidade. Estes dados sugerem que muitos CxOs veem as ações climáticas como uma forma de fortalecer relações com os stakeholders. No polo oposto, vários CxOs entrevistados continuam a ter dificuldades em definir as vantagens financeiras a longo prazo dos investimentos feitos na área da sustentabilidade.
59% afirmam utilizar materiais mais sustentáveis, 50% estão a proporcionar aos colaboradores formações na área das alterações climáticas e 49% estão a desenvolver novos produtos ou serviços ecológicos. Segundo o estudo, os CxOs estão também a intensificar os esforços de adaptação às alterações climáticas: 43% estão a remodelar ou a realocar as instalações da organização por forma a torná-las mais resistentes às mudanças, 40% estão a contratar seguros contra riscos climáticos extremos e 36% estão a oferecer suporte financeiro a colaboradores que sejam afetados por condições climáticas extremas.
Quando questionados sobre o compromisso em enfrentar as alterações climáticas, apenas 29% dos CxOs acreditam que o setor privado está realmente empenhado na mudança. Quase um quarto dos CxOs afirmou que a dificuldade em medir o impacto ambiental da sua organização é a principal barreira ao reforço do combate às alterações climáticas, e quase um quinto mencionou como dificuldade o investimento e o foco em objetivos de curto prazo.