A Ambiente Magazine celebra os seus 30 anos e para comemorar esta data especial perguntou a responsáveis dos vários setores no Ambiente que políticas e estratégias consideram que serão preponderantes nos próximos 30 anos. Aqui fica o comentário de Luís Almeida Capão, presidente da Cascais Ambiente.
A recolha de resíduos em Cascais tem-nos mostrado que soluções bem-sucedidas são as que se adequam ao utilizador final. Temos de pensar não apenas como especialistas, mas como pessoas normais. Para ter a participação voluntária e ativa dos munícipes desenvolvemos soluções tecnicamente eficientes e humanamente confortáveis. Essa tem de ser a estratégia para o futuro.
Depois, é preciso apostar na circularidade remunerada. Para lá dos contributos cívicos normais, como pôr o lixo no contentor, temos de beneficiar aqueles que contribuem para a recuperação dos ativos ambientais que eram vistos como resíduos. Quem preparar para a reciclagem deve ver o seu cuidado valorizado. Esse incentivo financeiro deve ser dado, ponderando também os hábitos de consumo, porque será um contrassenso se a reciclagem funcionar como um impulso ao desperdício.
Com rastreamento, blockchain e Inteligência Artificial, é fácil imaginar um sistema futuro que permita pôr a Economia Circular a ser mesmo economia, rejeitando os processos lineares de criação de riqueza. A questão não está na tecnologia, mas sim na vontade política de mudar o sistema, na capacidade de implementação e nos custos desse novo sistema. Não podemos criar um sistema mais justo que também seja mais caro. É preciso escala.