A Ambiente Magazine celebra os seus 30 anos e para comemorar esta data especial perguntou a responsáveis dos vários setores no Ambiente que políticas e estratégias consideram que serão preponderantes nos próximos 30 anos. Aqui fica o comentário de Filipe Araújo, presidente do Conselho de Administração das Águas e Energia do Porto e vice-presidente da Câmara Municipal do Porto.
Sem esquecer outras ações que a empresa e o Município do Porto estão a levar a cabo em termos de sustentabilidade, concentro-me num aspeto que considero determinante para responder aos desafios do setor da Água: incrementar a baixa taxa de reutilização de águas residuais que temos no país e, desta forma, mitigarmos o stress hídrico que o mundo enfrenta.
Com efeito, Portugal só utiliza entre 1% e 2% de água residual. É urgente aumentarmos este valor significativamente. O Município do Porto iniciou este caminho em 2023, através da instalação de uma unidade de ApR na ETAR do Freixo. Neste momento, a Águas e Energia do Porto já produz 1000m3/dia de ApR de classe A, possibilitando já a sua aplicação em usos não potáveis, como limpeza do espaço público, lavagem de arruamentos e equipamentos de deposição.
Tendo em conta a escassez deste bem único, a reutilização de água, numa perspetiva de economia circular, deve ser vista como obrigatória. Só desta forma conseguiremos concretizar o desígnio de adaptar o Porto às alterações climáticas. A gestão eficiente dos nossos recursos hídricos é essencial para garantir o desenvolvimento sustentável e a qualidade de vida nas cidades.