3 em cada 4 edifícios na Europa não têm eficiência energética
O mais recente Barómetro VELUX Healthy Buildings 2024 realizado pelo Buildings Performance Institute Europe (BPIE) revela informações significativas sobre a saúde e a eficiência dos edifícios na União Europeia. O oitavo Barómetro foi alargado para incluir quatro tipos principais de edifícios: casas, locais de trabalho, escolas e hospitais, salientando a importância de edifícios saudáveis e as potenciais poupanças associadas à melhoria dos ambientes interiores.
Em Portugal, 26,4% da população vive com humidade em casa e mais de 30% dos portugueses não consegue manter as suas casas suficientemente frescas no verão. Olhando para um panorama económico geral, na UE, por um lado, as pessoas têm dificuldades financeiras para gerir as faturas de energia, as rendas e as hipotecas – 30% dos agregados familiares com baixos rendimentos e 10% da população gastam mais de 40% do seu rendimento em custos relacionados com a habitação. Por outro, é também um enorme custo para a economia da UE suportar estes edifícios que estão a custar um valor estimado de 194 mil milhões de euros por ano em custos de cuidados de saúde e perda de produtividade.
Para além das poupanças financeiras imediatas, os edifícios saudáveis oferecem benefícios a longo prazo, como a redução de impacto climático, possibilidade de criação de empregos e poupança em bens sociais equivalentes. A renovação de um edifício público pode implicar 11,5% de retorno do investimento e ainda uma redução de 30% do impacto climático.
Apenas o setor dos cuidados de saúde poderia economizar mais de 45 mil milhões de euros por ano (cerca de 10% dos custos anuais dos cuidados de saúde na UE), através da implementação de medidas eficientes em todos os hospitais.
Locais de trabalho mais saudáveis podem gerar um valor acrescentado bruto de 40 mil milhões de euros por ano para a economia europeia, por cada melhoria de 1% no desempenho dos trabalhadores.
Através de programas de renovação bem concebidos, seria possível criar de 200 mil a 500 mil empregos anuais na UE. Se fossem efetuadas reparações gerais no parque habitacional ineficiente da UE, o custo seria recuperado em apenas dois anos e poderia poupar 194 mil milhões de euros em bens sociais equivalentes, incluindo uma redução de dias de doença ou visitas frequentes ao hospital.
A renovação dos edifícios residenciais na UE, de acordo com as normas de eficiência energética, poderia poupar 44% da energia final para o aquecimento de espaços.
Assim, o Barómetro defende o aumento do investimento na renovação de edifícios. Estes investimentos são cruciais não só para realizar poupanças de energia, mas também para melhorar a saúde e o bem-estar geral dos ocupantes. Os investimentos em renovação devem colmatar um défice de 1,4 mil milhões de euros entre as taxas de renovação efetiva e as necessárias para alcançar a neutralidade climática.
E é também crucial que os decisores políticos, os líderes da indústria e as partes interessadas priorizem as iniciativas da construção de edifícios saudáveis. Ao priorizar a melhoria das normas de construção, a UE pode obter benefícios significativos para a saúde, a economia e o ambiente.