A Expedição Oceano Azul Gorringe cobrirá a área deste monte submarino, com 220 quilómetros de comprimento e 80 de largura, localizado na Zona Económica Exclusiva (ZEE) de Portugal Continental e que, com cerca de 5.000 metros de altura, sendo a maior montanha da Europa Ocidental.
A bordo do navio Santa Maria Manuela e de dois veleiros estarão 26 cientistas que trabalharão entre este sábado, dia 7 de setembro e dia 28 de setembro, face à necessidade de conhecer e proteger o património natural do país, respondendo às políticas nacionais, europeias e internacionais de proteção e gestão sustentável do oceano.
Esta expedição tem como promotores a Fundação Oceano Azul, o Oceanário de Lisboa, o Governo português, através do Ministério do Ambiente e Energia e do ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e a Marinha Portuguesa. Contando com o envolvimento institucional do Fundo Ambiental, Autoridade Marítima Nacional, OCEANA, National Geographic Pristine Seas e WAITT Institute, terá também a parceria fundamental de instituições científicas como: Instituto Hidrográfico, CCMAR, Universidade do Algarve, CESAM – Universidade de Aveiro, CIBIO – Universidade do Porto, MARE – Politécnico de Leiria, Okeanos – Universidade dos Açores, SPEA, AIMM, Aquário Vasco da Gama, Moss Landing Marine Laboratories – San Jose State University, bem como do Marine Futures Lab – University of Western Australia e o Laboratory of Applied Bioacoustics – Univ Politécnica da Catalunya.
Esta expedição permitirá consolidar e alargar o conhecimento científico sobre este oásis do Atlântico, reunindo informação científica relevante para servir de base à gestão desta importante área da Rede Natura 2000 e à sua implementação como Área Marinha Protegida, acelerando o cumprimento da meta 30×30 por Portugal.
No Gorringe estão presentes diversos habitats, desde zonas mais perto da superfície cobertas de florestas de algas até ao mar profundo, onde existem jardins de corais de águas frias e campos de esponjas. Esta montanha é um íman de vida marinha no Atlântico, onde também se concentram grandes cardumes de peixes e tubarões e que está na rota migratória de mamíferos marinhos como baleias e golfinhos bem como de tartarugas. Estudos anteriores recolheram evidências desta singularidade e elevado valor ecológico, mas também da sua vulnerabilidade, reportando cerca de 850 espécies, incluindo espécies ameaçadas.
Com recurso a mergulho científico e a várias tecnologias como drones, sistemas de câmaras de vídeo com isco para atração da megafauna (BRUV – Baited Remote Underwater Video e vídeo landers) e um veículo operado remotamente (ROV – Remotely Operated Vehicle), será possível aceder a zonas que, até hoje, têm sido muito pouco estudadas e complementar as lacunas de conhecimento. Estarão também a decorrer trabalhos nas áreas de bioacústica e cartografia dos fundos marinhos, com a colaboração do Instituto Hidrográfico da Marinha Portuguesa.
Com os dados e imagens recolhidos, será produzido um relatório científico, que contribuirá para o diagnóstico do estado de saúde e valor ecológico desta montanha do país. Utilizando essa informação, será possível adotar as melhores medidas de gestão para proteger e valorizar o capital natural azul. Para além deste relatório científico, será produzido um documentário que mostre as riquezas deste património subaquático.