A nova licença concedida à Valorpneu, em junho deste ano, a adoção de práticas mais sustentáveis na gestão de pneus em fim de vida, as novas disposições do novo Regime Geral de Gestão de Resíduos (RGGR) e o novo plano de ação para a economia circular foram os temas chave do 22.º Encontro da Rede Valorpneu, que este ano decorreu em Almancil, no Algarve, entre os dias 8 e 9 de outubro.
O primeiro dia ficou marcado pelo networking entre os operadores da rede, colaboradores, parceiros e stakeholders da Valorpneu, onde num ambiente descontraído partilharam experiências, os desafios e as conquistas deste ano.
Na sessão de trabalho, que decorreu na manhã do dia 9 de outubro, Hélder Pedro, gerente da Valorpneu, falou dos desafios e das principais orientações decorrentes da nova licença atribuída à Valorpneu, por um período temporal de 10 anos, e da preparação da entidade gestora para os enfrentar. “A sustentabilidade e os valores ESG – Ambientais, Sociais e Governança – estiveram sempre presentes na Valorpneu ao longo dos seus 22 anos de atividade e, nos próximos 10 anos, queremos continuar assim”, refere o responsável pela sessão de abertura do Encontro. Relembrando que: “Ainda o tema da sustentabilidade e da economia circular não estava na ordem dia, já a Valorpneu se preocupava com os temas de ESG e com ações de sensibilização e programas de inovação para garantir uma maior sustentabilidade na gestão de pneus usados”.
De seguida teve lugar uma mesa-redonda sob o tema: “Nova era, a mesma direção: um mundo mais sustentável”, moderada por Sofia Arnaud, da H-Advisors CV&A, que contou com a presença de Mafalda Mota, da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Gracinda Marote, da Direção Geral das Atividades Económicas (DGAE), Climénia Silva, da Valorpneu, e Ana Costa, da consultora de inovação Beta-i.
Questionada sobre as novas licenças atribuídas em junho deste ano às entidades gestoras de resíduos, onde se inclui a Valorpneu para o caso dos pneus usados, Mafalda Mota, da APA, elogiou a Valorpneu pelo cumprimento das metas durante mais de 20 anos de atividade e explicou as disposições adicionais incluídas nesta quarta licença atribuída à entidade gestora, destacando que: “O período temporal das novas licenças foi alargado para 10 anos, dando uma maior segurança a todos os intervenientes do sistema. Contudo, exigem uma maior transparência, rastreabilidade dos resíduos e de metas”, ressalvou.
A representante da APA adiantou ainda que vão existir novos objetivos, nomeadamente a meta dos 100% de recolha, que levará também a desenvolver novos destinos para os pneus usados”.
A redução dos custos administrativos e financeiros tendo em conta a redução do Ecovalor – prestação financeira essencial para que a Valorpneu e os seus parceiros no SGPU garantam a sua atividade – foi também abordado por Mafalda Mota, dizendo que: “Foram tomadas medidas concretas para que tal acontecesse, mas que as próprias entidades gestoras devem trabalhar nesse sentido”.
Este tema foi também abordado por Gracinda Marote, da DGAE, que nesta nova geração de licenças teve um papel mais ativo que anteriormente, referindo que: “Existe a possibilidade de redução das prestações financeiras em função dos resultados alcançados pelas entidades gestoras e pela promoção de ações de sensibilização”, relembrando a vantagem da Valorpneu por cumprir todas as metas propostas e apostar fortemente na sensibilização e prevenção.
Gracinda Marote destacou ainda a importância da promoção de práticas de “ecodesign”, com um papel crucial na redução de custos operacionais suportados pelas entidades.
Relativamente aos números e metas, Climénia Silva, da Valorpneu, partilhou que, mais uma vez, as metas foram cumpridas e superadas. “Em relação à expetativa de recolha de pneus usados, vamos atingir as 87 mil toneladas. Em 2024, a nossa taxa de recolha de pneus prevista vai chegar aos 111%”. Este valor é justificado pelo número de pneu tratados pela Valorpneu muito acima do exigido.
“Esta nova licença traz ainda mais responsabilidades e mais desafios”, sublinhou a diretora geral, destacando a importância da uniformização de informação e esclarecimentos prévios para um bom e saudável funcionamento na rede de recolha de pneus usados.
Climénia Silva falou ainda da importância da inovação, como um dos pilares da sustentabilidade e do desenvolvimento do sistema, e do mais recente programa que a Valorpneu está a promover com o intuito de encontrar novas soluções de reciclagem para os pneus usados, referindo que: “A nova edição do NextLap já está aí”.
Pegando neste tema, Ana Costa, da Beta-i, explicou como funciona o programa NextLap, cujo objetivo é promover a circularidade dos pneus em fim de vida, e fez um balanço das duas edições anteriores. “Na primeira edição encontrámos parceiros e um fornecedor de peso, com o objetivo de encontrar soluções inovadoras para que entrem no mercado. Já temos casos em que já estão a ser comercializadas, como por exemplo, na Decathlon. A nossa perspetiva é que o programa se torne numa plataforma de colaboração entre todos”, frisou Ana Costa. “Depois do NextLap e do NextLap Accelerator, estão abertas as inscrições para o NextLap Tech Hub”, concluiu.
Para finalizar, Pedro Marques da EY, deu o prémio “Desempenho da Rede de Recolha 2024” à Ribeiro & Filhos – Recolha e Transporte de Pneus Usados, Lda, que tem a sua sede em Belas, tendo como base os dados extraídos do sistema da Valorpneu.