Em 2017 a gestão dos resíduos vai ser uma das preocupações centrais do Ministério do Ambiente, anunciou esta terça-feira o secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, em ocasião do 6º Encontro Nacional “Gestão de Resíduos”, promovido pela Associação Portuguesa de Empresas de Tecnologias Ambientais (APEMETA). O governante ressalvou também a importância de se afinar metodologias sobre a forma como se contabilizam os resultados ambientais.
“Durante 2016 a secretaria de Estado esteve mais concentrada no setor da água, mas 2017 será um ano em que vamos dedicar muita força à questão dos resíduos”, avançou o secretário de estado do ambiente, na sessão de abertura do seminário, que decorreu na Fundação Cidade Lisboa.
Carlos Martins apelou, neste sentido, à colaboração das associações, entidades e especialistas nos resíduos para auxiliarem na formulação de novas políticas nesta área. “Temos de afinar metodologias, indicadores e a maneira como contabilizamos e apresentamos os resultados ambientais, isto é, para podermos ser exigentes perante a União Europeia (UE)”.
Referindo-se ao facto de Portugal não estar em patamares elevados no ‘ranking’ da UE relativamente à valorização de resíduos, o governante explicou: “Esquecemos-nos que um alemão tem em termos per capita, três vezes a produção de resíduos, e portanto, mesmo que tenha 50% de produção de resíduos valorizados, se calhar, os que não são valorizados são mais que a nossa produção per capita”. Exemplificou, deste modo, que, se estabelecessem “um indicador por habitante, se calhar estaríamos em segundo ou terceiro lugar do ‘ranking’, em vez de ficarmos em 15º ou 16º”.
Na visão de Carlos Martins, são as formas de abordar este tipo de assunto “com mais rigor técnico ou científico” que podem ajudar em questões, como a nova Diretiva Europeia da Gestão de Resíduos, defendendo que, Portugal deve ser mais “exigente na forma como a Eurostat e os países da Europa formalizam algumas maneiras de medir, que a maior parte das vezes são formas do passado”.
Nesta ocasião, o secretário de estado, falou ainda sobre a importância dos resíduos elétricos e eletrónicos, e no facto de não haver “nenhuma meta”, e de não se saber “onde está o gás dos frigoríficos, onde estão os ecrãs das televisões, que são os verdadeiros problemas ambientais”. Neste sentido, avança que as carcaças dos frigoríficos chegam efetivamente aos centros “mas já despojados daquilo que tem risco e valor”.
Carlos Martins ressalvou, deste modo, a necessidade de modificar a situação. “Temos que alterar isto criando metas que obriguem a demonstrar onde é que estão as questões centrais, que sejam risco ambiental, mas que também sejam aquelas que têm valor económico”.
O governante terminou o discurso com “uma palavra de muita esperança”, de que o ano que se aproxima seja um período de mudança. “Espero que 2017 traga novas dinâmicas e paradigmas positivos para o setor, e que Portugal continue a ter um bom desempenho ambiental de resíduos”.