Hunter Halder
Para Hunter Halder, o “impacto positivo” na vida de muitas pessoas é o que melhor justifica a importância da Refood e de todas as organizações que trabalham para o bem comum em comunidades locais: “Este impacto é visível no alívio sentido pelas milhares de famílias cuja alimentação diária é assegurada pelo trabalho dos milhares de voluntários da Refood”. Todos os voluntários também são “impactados positivamente” pelo serviço que prestam: “A remuneração do trabalho voluntário é interna, pessoal e emocional, com impacto real na vida destas pessoas”. E em cada comunidade onde a Refood está inserida desfruta de impactos positivos: “As milhares de refeições resgatadas não vão poluir o meio ambiente, mas sim apoiar as necessidades nutritivas da população mais necessitada”. A Refood convida e integra assim todos os setores da comunidade num “projeto congregador e transversal”, que “cria e reforça as ligações entre os diversos atores na comunidade local”, precisa.
Este interesse crescente por parte dos voluntários ao Movimento Refood permite fazer um “balanço muito positivo” destes 12 anos: “A imensa boa-vontade dos cidadãos-voluntários que criam a ponte humana entre a abundância e a necessidade em cada comunidade local”. Contudo, apesar dos números “mostrarem resultados”, o responsável considera que o balanço mais importante é sempre o “impacto nas vidas de todas as pessoas envolvidas”.
O governo não fez a regulamentação
Ao longo destes 12 anos de luta contra o desperdício alimentar, Hunter Halder nota, por um lado, de uma “evolução positiva da sociedade em todos os setores e vertentes, com o surgimento de novas respostas e conceitos para combater o desperdício” e, por outro lado, de “continuamos a assistir a um imenso desperdício de alimentos que podem e devem ser resgatados e encaminhadas para quem mais precisa”.
Mesmo com os movimentos que têm surgido e da pressão cada vez maior da necessidade de reduzir o desperdício, o fundador da Refood considera que há um trabalho longo para fazer no país.Por exemplo, “reafirmar os valores dos nossos avós e bisavós – a comida é preciosa e não pode ser desperdiçada. Elevando este valor e ensinar a viver este valor fará uma diferencia significativa no presente e no futuro”. Tão importante é “mobilizar a sociedade civil para colocar as mãos na massa: tornar-se voluntário nas obras sociais da sua comunidade faz uma enorme diferença na qualidade da vida de todos”. E, finalmente, “incentivar o governo a regulamentar a Lei n.º 62/2021 do dia 19 de agosto, 2021 – dia em que a Assembleia da República publicou o «Regime jurídico aplicável à doação de géneros alimentícios para fins de solidariedade social e medidas tendentes ao combate ao desperdício alimentar». Infelizmente, o governo não fez a regulamentação e a vontade da Assembleia da República ainda não está a ser implementada”.
Quando comparado com outros países, Portugal, na opinião de Hunter Halder, é um país com disponibilidade para ser parte da solução: “O crescimento, resultados e impactos produzidos, indicam que não há falta de boa vontade, disponibilidade e empenho”. E falando da experiência, enquanto fundador da Refood, o responsável relembra que, no início, em 2011, “foi-me dito que isto não vai funcionar, talvez na América, mas aqui as pessoas não estão disponíveis para este tipo de coisa. Agrada-me imensamente que este não foi o caso”. Por isso, “a minha experiência, em Portugal, tem sido muito positiva e a Refood é um movimento acarinhado pela comunidade e em constante crescimento, observável através da abertura de novos núcleos”. Ainda assim, é preocupante o aumento recente na procura do apoio, fruto das sucessivas crises, como a pandemia, a guerra, alimentar ou a inflação: “Temos núcleos com famílias em lista de espera para poderem receber o apoio e temos de contornar esta realidade com mais voluntários e mais parceiros de alimentação”, alerta.
Mensagem dos 12 anos do Movimento Refood:
“Temos a vontade de chegar a mais comunidades em Portugal, inspirando cidadão-pioneiros para criar novos núcleos Refood nas suas comunidades para assim podemos chegar a todos os que precisam de apoio alimentar. O evento Foodstock é essencial para que isto seja possível, queremos dar a conhecer o trabalho feito pelo Refood inspirar os voluntários, os parceiros e as comunidades para que em conjunto consigamos chegar mais longe e a mais pessoas”.
Hunter Halder
Agenda do FOODSTOCK:
O FOODSTOCK é composto por quatro grandes momentos:
- A Exposição Sobre Viver – 1ª exposição dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável em Portugal (11 a 19 de Abril, na Estufa Fria de Lisboa e nos dias 21, 23 e 23 de abril no Pavilhão Carlos Lopes).
- A Conferência Sobre Viver – onde vários oradores irão aprofundar os desafios apresentados pelos 17 ODSs da ONU, abordando a temática da Sustentabilidade nas suas várias vertentes (21, 22 e 23 de abril, no Salão Nobre do Pavilhão Carlos Lopes)
- Uma Mesa Para 12.Mil (21, 22 e 23 de abril no Pavilhão Carlos Lopes), todos são convidados a almoçar em comunidade durante estes dias e de forma gratuita. Serão servidos os almoços no Pavilhão em dois turnos distintos (12h00-14h00 e 14h30-16h30) e doar refeições a organizações sociais de forma a chegar a quem mais precisa. Estes almoços utilizarão produtos em risco de serem desperdiçados, sendo também uma oportunidade de sensibilização para os temas do desperdício, sustentabilidade, solidariedade e inclusão.
- Os Concertos, nos dias 20, 21, 22 e 23 de abril:
- 20 de abril:
- Saint Dominic Gospel Choir
- Diogo Piçarra
A sustentabilidade, a solidariedade e a inclusão são os três pilares da Refood e o Movimento vai passar estes valores para o FOODSTOCK. Quem pode contribuir para a sustentabilidade financeira do evento, terá a oportunidade de adquirir ingressos na BOL ou no site da Refood. As pessoas que quiserem assistir, mas que não têm condições para contribuir, podem preencher o formulário no site da Refood, usando a opção “Quero ir, mas não posso doar”. Cada pedido será analisado e serão emitidos ingressos para quem não tem comprovadamente condições de de contribuir.