10 biliões de dólares em investimentos foram geridos segundo critérios de sustentabilidade em 2023

Os critérios de sustentabilidade foram prioritários na gestão de 10 biliões de dólares em investimento no ano passado, de acordo com o estudo “Sustainability Data Is a Big Opportunity in Information Services”, realizado pela Boston Consulting Group (BCG). Este investimento está em linha com o crescimento de mais de 50% no investimento em sustentabilidade nos últimos cinco anos.

“A sustentabilidade, a par da tecnologia, está a transformar o setor empresarial e os hábitos de consumo”, afirma Pedro Pereira, Managing Director e Senior Partner da BCG em Lisboa. “Nessa linha, as organizações devem apostar numa abordagem pragmática e baseada em materialidade e relevância, para desenvolverem serviços de informação que lhes permitam ter dados sólidos e centralizados dos seus indicadores de sustentabilidade para conseguirem melhorar as suas práticas, bem como a gestão dos critérios ambientais, sociais e de governança (ESG), tornando-se mais competitivas nos mercados onde atuam”.

Nos últimos anos, tem-se assistido a uma vaga de regulamentação relacionada com a sustentabilidade, à medida que os países enfrentam, globalmente, o desafio de atingir a neutralidade carbónica até 2050. Simultaneamente, o interesse dos consumidores em produtos ecológicos está a crescer e os investidores priorizam investimentos em empresas que demonstram compromissos com a sustentabilidade. Nomeadamente, 80% dos gestores de ativos coloca as questões de sustentabilidade no topo das suas preocupações.

Quando questionados acerca das tarefas relacionadas com a sustentabilidade dentro da empresa, 68% dos profissionais nesta área respondeu que a sua introdução nos fluxos de trabalho é desafiante ou extremamente desafiante. A publicação de relatórios de responsabilidade social e a realização de análises de sustentabilidade que englobem o total da cadeia de abastecimento foram destacadas por 40% dos inquiridos como as atividades mais desafiantes, revelando que há uma grande necessidade de desenvolver soluções de sustentabilidade para as empresas.

O ecossistema de informação sobre sustentabilidade é atualmente concorrido, com diversas empresas de dados e de software a tentar estabelecer uma posição à medida que o mercado evolui. As empresas tradicionais de serviços de informação já têm vindo a monitorizar e a tirar partido da relevância da sustentabilidade há vários anos. No entanto, poucas conseguiram boas receitas derivadas de serviços na área da sustentabilidade por não terem conseguido identificar um caminho claro e específico ou por desenvolverem uma oferta que não estava bem alinhada com as suas vantagens competitivas.

A BCG partilha recomendações para estas empresas capitalizarem oportunidades na área da sustentabilidade:

  • Começar com clientes que já conheçam. Os prestadores de serviços de informação devem abordar os desafios de sustentabilidade que os seus clientes enfrentam, uma vez que a introdução dessa variável no seu fluxo de trabalho normal ainda representa uma dificuldade que precisa de soluções. Esta estratégia apresenta duas vantagens: as equipas das empresas de serviços de informação que pretendem entrar no setor da sustentabilidade necessitarão de melhorar as suas competências e é mais viável que se foquem nos temas, utilizadores e fluxos de trabalho já existentes; a par disso, o risco de fazer más aquisições ou de se desenvolverem produtos desadequados é reduzido, uma vez que já se conhecem as dinâmicas internas dos clientes.
  • Alinhar-se com um tipo específico de criação de valor. A sustentabilidade é um tópico complexo, o que pode levar os fornecedores de serviços de informação a não se conseguirem articular com as necessidades dos clientes. Existem três grandes categorias de propostas de valor para os dados relacionados com a sustentabilidade: gestão do risco, vantagens financeiras e impacto social -com diferentes clientes a privilegiarem uma delas em detrimento das restantes. Neste sentido, é fundamental que os fornecedores de serviços de informação identifiquem a proposta de valor específica para cada segmento-alvo e forneçam dados em função das necessidades dos diferentes clientes.
  • Antecipar o impacto de novas regulamentações. Muitos regulamentos sobre a sustentabilidade têm criado dificuldades às empresas na medida em que requerem informações mais detalhadas que reflitam os critérios ESG, aumentando a procura de soluções e apoio de fornecedores de serviços de informação nesta área. Para antecipar o impacto dos regulamentos, as empresas de serviços de informação devem solidificar a sua capacidade de monitorização – realizando análises a longo prazo de novos regulamentos, orientações e atualizações e incorporando as conclusões nas soluções apresentadas. Estas organizações precisam também de otimizar as operações internas, de forma a clarificar a metodologia utilizada na análise dos dados para corresponder às exigências de transparência dos processos e combater o greenwashing.

As empresas de serviços de informação terão ainda de melhorar as suas capacidades de recolha de dados para acompanhar os requisitos, cada vez mais apertados, de divulgação de dados de sustentabilidade das empresas, podendo recorrer à Inteligência Artificial para simplificar os processos de obtenção e agregação de dados.