O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, disse hoje em Leiria que a área florestal ardida vai diminuir a capacidade de captar as emissões nocivas de carbono. “O impacto ambiental é evidente numa dupla dimensão. Por um lado, aquela que é a perda de valor ecológico direto pelo desaparecimento destes espaços [floresta] que são espaços de amenidade, até para o comum das pessoas, e são fundamentais no equilíbrio do ecossistema”, referiu.
Além disso, há uma segunda perda “não menos relevante, de capacidade do país para sequestrar carbono”, revelou João Pedro Matos Fernandes, à margem do workshop Eco.Constrói, que se realiza hoje na Escola Superior de Tecnologia e Gestão, do Instituto Politécnico de Leiria. Admitindo que “nenhum político sério pode jurar o fim de situações como estas [incêndios]”, o ministro salientou que “qualquer político empenhado tem que garantir que tudo fará para que não se repita”.
O governante recordou que Portugal começou, no dia 11 de outubro, “o roteiro de neutralidade carbónica”, que tem como objetivo “tornar o país neutro em 2050, do ponto de vista das emissões carbónicas”.”Ser neutro não quer dizer emissões zero. Significa que, independentemente de todo o empenho para emitir o menor número de emissões de gases com efeito de estufa, temos de ter capacidade de sumidouro”, explicou João Pedro Marques Fernandes.
Segundo o ministro, é necessário “ter massas florestais, agrícolas e geológicas”, que sejam “capazes de compensar essas mesmas emissões”. Por isso, o desaparecimento da floresta “é uma perda a prazo, porque Portugal reduz a sua capacidade de compensar as emissões carbónicas que terá de produzir e, produzindo, para que o país tenha o equilíbrio económico e social que tem hoje”.
João Pedro Matos Fernandes garantiu ainda que, apesar dos incêndios e da área ardida, a meta da neutralidade do carbono “não está em risco”. “Para atingir essa meta, é fundamental termos uma gestão da floresta muito mais sustentável do que aquela que temos hoje. A nova floresta que vai nascer é certamente uma floresta mais resiliente e, nesse sentido, uma floresta que poderá dar garantias dessa mesma neutralidade a prazo. É um trabalho que vai começar já a ser feito”, garantiu.
*Foto de Lusa